DIVERSOS TIPOS DE LEITURA

  


 




“Dois irmãos” – Resumo da obra de Milton Hatoum

         

Em estilo enxuto, mas repleto de sutilezas, romance narra tumultuada relação de ódio entre dois irmãos gêmeos numa família libanesa que vive em Manaus.

“Dois Irmãos”, de Milton Hatoum, é narrado em 1ª pessoa por Nael, filho de Domingas, empregada e índia. Ele tenta descobrir quem dos gêmeos é seu pai, buscando sua própria identidade ao investigar suas raízes.

Zana e Halim se casam e dessa união nascem os gêmeos Omar e Yaqub (caçula dos gêmeos) e Rânia, a caçula dos filhos. Embora os gêmeos Omar e Yaqub fossem bem diferentes no que se refere ao temperamento e à personalidade, fisicamente eram idênticos, sendo confundidos até pela própria mãe.

Os dois se tornam rivais conforme crescem e isso fica notório quando se apaixonam pela mesma moça, Lívia, fato que provoca a agressão de Omar contra Yaqub, que é atingido com uma garrafa no rosto (gerando uma cicatriz) durante uma sessão de cinema em que beijava Lívia.

                                                

O pai decide mandar os dois para o Líbano para amenizar essa rivalidade, mas a mãe intervém para que Omar fique justificando este ter saúde mais frágil. Então Yaqub vai com alguns amigos de Halim (um ano antes da Segunda Guerra Mundial) para uma aldeia no sul do Líbano e constata a preferência da mãe por Omar (o protegido). Cinco anos depois a família o traz de volta para o Brasil (Manaus) e Yaqub não consegue perdoar a mãe.

Omar é beberrão, não estuda e não trabalha. Ao contrário, Yaqub é estudioso, formou-se em engenharia em São Paulo, onde se casa com Lívia sem a família saber; após um tempo envia fotos para a família para mostrar que havia “vencido na vida”.

Omar enganava aos pais dizendo que o dinheiro que pedia era para os estudos, embora gastasse tudo na farra. Mesmo assim a mãe o defendia cegamente. Isso provocava ciúmes em Halim, porque Zana venerava o filho. Halim torcia para que o filho se casasse logo, mas Zana afastava todas as pretendentes de Omar.

Devido aos dissabores da vida, Halim saía às vezes para beber com os amigos e sumia por horas. Assim, Nael era incumbido de ir atrás dele e levá-lo para casa, a pedido de Zana. Desde o início do casamento, Halim não queria ter filhos, pois tinha medo do distanciamento da esposa… E foi o que aconteceu. Dessa maneira, desgostoso, Halim morre sentado no sofá. “Depois da morte de Halim, a casa começou a desmoronar”.

Yaqub retorna a Manaus com intuito de construir um hotel na cidade; o irmão o acusa de roubar seu projeto, o agride e vai preso. Ao sair da cadeia, Omar, já velho, se depara com a casa vendida, a mãe falecida, então desaparece sem deixar pistas.

Dominga fica doente e antes de morrer revela a Nael, narrador da história, que fora estuprada por Omar. Nael fica desconsolado porque era filho do gêmeo que não admirava. O narrador continua morando no quartinho dos fundos, agora independente, sua “herança”.

Sobre Milton Hatoum


Filho de imigrantes libaneses, Milton Hatoum nasceu em Manaus, Amazonas, em 19 de agosto de 1952. Na década de 1970, viveu em São Paulo, onde cursou arquitetura na Universidade de São Paulo (USP). Em seguida, direcionou-se para os estudos literários. Nos anos 1980, depois de morar na Espanha, foi para a França e fez pós-graduação na Universidade de Paris III. De volta a Manaus, lecionou língua e literatura francesas na Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Foi também professor-visitante da Universidade da Califórnia, em Berkeley, nos Estados Unidos.

Em 1989, aos 37 anos, publicou, seu primeiro romance, “Relato de um Certo Oriente”. Voltou a morar em São Paulo em 1998, onde fez doutorado em teoria literária na USP. Publicou, ainda, “Dois Irmãos” (2000) e “Cinzas do Norte” (2005). Seus três romances foram ganhadores do Prêmio Jabuti, um dos mais importantes do país. Muitas de suas histórias foram traduzidas e publicadas em outros países. Hatoum, que ocupa lugar de destaque entre os autores de sua geração, lançou em 2008 a novela “Órfã do Eldorado”.

              


 O Banqueiro Anarquista — Fernando Pessoa

                                                   

Fernando Pessoa foi sem a menor dúvida um homem a frente de seu tempo, uma daquelas poucas pessoas que não somente ostentam um talento único na produção textual, habilidade que o consagrou como o mais conhecido poeta lusitano, mas que também têm uma grandiosa capacidade de inovar através de suas ideias e acabam por lançar tendência a partir dos temas tratados durante sua carreira. Ainda assim, o Banqueiro Anarquista consegue ser uma obra “sui generis” por ser uma das raras ficções escritas pelo autor e porque mesmo tendo Fernando assinado uma plêiade de obras com seus diversos heterônimos, acabou por publicar na Revista Contemporânea, em maio de 1922, em seu próprio nome.

Seu livro, incrivelmente lacônico — com algumas poucas dúzias de páginas, desenvolve uma interessante história sobre o encontro de dois amigos, onde um, não nomeado, durante uma conversa após um jantar questiona o aparente conflito entre estilo de vida adotado e os supostos ideais defendidos pelo outro, o banqueiro anarquista. Juntos eles viajam pela vida do banqueiro, nos levando desde a sua juventude humilde até o sucesso financeiro de sua realidade atual, apresentando como as suas experiências de vida moldaram a sua percepção sobre o mundo, vencendo o mero idealismo. Assim, ele primeiramente constrói todo a fundamentação para justificar sua militância política para que possa posteriormente desconstruir as ideias que não eram suas, ou as que considerava uma afronta a realidade — ele claramente se considera um cientista que se apega somente aos fatos e ao empirismo, alicerçando a conclusão de que o verdadeiro anarquista deveria ser banqueiro.

A primeira surpresa do leitor é a maneira como o conteúdo do texto é formatado, uma vez que aparentemente remete aos grandes clássicos do mundo antigo. Pessoa faz uso do modelo dos diálogos socráticos com o intuito de expressar as ideias, ou talvez através, do Banqueiro Anarquista perante as diversas indagações de seu amigo que não via há longa data. Entretanto, é eficaz em manter um tom agradável na leitura mesmo para alguém não familiarizado com o gênero, o texto é simples mesmo lido quase um século depois da publicação — diferentemente dos livros de Cícero e Platão que compartilham somente a estética (tão eruditos a ponto de tornar a graduação de muitos um suplício). Além disso, é perceptível a inspiração de tal obra nos ares do histórico, visto que Fernando fora um ferrenho crítico aos regimes autoritários já em poder da Rússia e emergindo pela Europa.

O banqueiro, a meu ver, conseguiu expressar há quase um século uma visão extremamente pertinente: o problema inerente ao coletivismo. Diversas vezes ele discorre sobre como sua vida, principalmente com a sua experiência dentro dos movimentos comunistas e anarquistas coletivistas — findando sempre por desenvolver rígidas hierarquias ao redor do seu “grande” líder que resulta numa coerção com algozes substituídos em prol uma “nova ordem”, lhe demonstrou que a libertação individual, porque somente poderia ser livre aquele disposto a abandonar o que previamente acreditava — e muitos buscavam refúgio nas teorias de outros homens ignorando até mesmo o que viam com os próprios olhos, era único caminho capaz de evitar a submissão às hierarquias não naturais, sendo essas invencíveis uma vez que constituem a própria natureza animal do homem. Enquanto lia, pensei em um ótimo paralelo para a decepção do banqueiro com a liberação coletiva, ou de classe — qualquer forma que a ideia de que um grupo deve mudar o mundo e subverter o “status quo”, o filme “A praia” com Leonardo DiCaprio, onde ele encontra um paraíso perdido formado por um grupo de, outrora, viajantes que tentam construir, a priori, uma utopia numa praia, afastando-se do mundo que tanto abominam — criticam as suas próprias raízes por uma falsa percepção de elevação perante aos demais, que termina por ser um pesadelo quando passam a questionar a autoridade da liderança, centralizadora e egoísta — corrompida pela tirania, compartilhando então o destino de Adão.

Pessoalmente, sou um grande entusiasta desse livro, facilmente indicaria, porque já o faço, a qualquer pessoa que esteja, ou não, no espectro político da liberdade e tenha interesse em discutir o que é anarquismo, não como uma obra política ou filosófica, mas porque a visão de um grande escritor sobre uma questão complexa é deveras interessante. A mera ideia de que alguém consegue subverter a aparente contradição entre os ideais de um banqueiro anarquista é surpreendente. Além disso, a maneira como o protagonista lida com o anarquismo é próxima do que só décadas mais tarde viria a ser o próprio anarcocapitalismo, mesmo que eu entenda que observo sob uma ótica moderna — não tenho intenção de fazer um revisionismo histórico, porque parte de um certo “self-ownership” intrínseco ao seu pensamento de “libertação individual”.


10 poemas imperdíveis de Cecília Meireles

A carioca Cecília Meireles (1901-1964), responsável por uma poesia intensa, intimista e visceral é, sem dúvida, uma das maiores escritoras da literatura brasileira.

Seus poemas, extremamente musicais, não estavam filiados a nenhum movimento literário específico, embora a maioria dos críticos rotule a escritora como pertencendo à segunda geração do modernismo brasileiro. Entre os seus temas mais frequentes estão o isolamento, a solidão, a passagem do tempo, a efemeridade da vida, a identidade, o abandono e a perda.

Cecília passeou por entre o jornalismo, a crônica, o ensaio, a poesia e a literatura infantil. Suas palavras vêm encantando gerações e serão aqui por nós lembrados.

1. Motivo

       

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

Motivo é o primeiro poema do livro Viagem, publicado em 1939, época do Modernismo. A composição se trata de um metapoema, isto é, um texto que se volta sobre o seu próprio processo de construção. A metalinguagem na poesia é relativamente frequente na lírica de Cecília Meireles.

A respeito do título, Motivo, convém dizer que para Cecília escrever e viver eram verbos que se misturavam: viver era ser poeta e ser poeta era viver.

Escrever fazia parte da sua identidade e era uma condição essencial para a vida da escritora, é o que se constata especialmente no verso: "Não sou alegre nem sou triste: sou poeta".

O poema é existencialista e trata da transitoriedade da vida, muitas vezes com certo grau de melancolia, apesar da extrema delicadeza. Os versos são construídos a partir de antíteses, ideias opostas (alegre e triste; noites e dias; desmorono e edifico; permaneço e desfaço; fico e passo).

Uma outra característica marcante é a musicalidade da escrita - a lírica contém rimas, mas não com o rigor da métrica como no parnasianismo (existe e triste; fugidias e dias; edifico e fico; tudo e mudo).

É de se sublinhar também que praticamente todos os verbos do poema estão no tempo presente do indicativo, o que demonstra que Cecília pretendia evocar o aqui e o agora.

2. Ou isto ou aquilo

  

Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!

Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo…
e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo.

Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.

Ou isto ou aquilo é um exemplar da poesia voltada para o público infantil (vale lembrar que Cecília foi professora de escola, por isso esteve bastante familiarizada com o universo das crianças).

O poema acima é tão importante que chega a dar nome ao livro que reúne 57 poemas. Lançado em 1964, a obra Ou isto ou aquilo é um clássico que vem percorrendo gerações.

Nos versos do poema encontramos a questão da dúvida, da incerteza, o eu-lírico se identifica com a condição indecisa da criança. O poema ensina o imperativo da escolha: escolher é sempre perder, ter um algo significa necessariamente não poder ter outra coisa.

Os exemplos cotidianos, práticos e ilustrativos (como o do anel e da luva) servem para ensinar uma lição essencial para o resto da vida: infelizmente muitas vezes é necessário sacrificar uma coisa em nome de outra.

Cecília brinca com as palavras de uma maneira lúdica e natural e pretende se aproximar ao máximo do universo da infância. Confira o poema declamado por Paulo Autran:

3. Despedida

   

Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão,
deixo o mar bravo e o céu tranquilo:
quero solidão.

Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? - me perguntarão.
- Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.

Que procuras? - Tudo. Que desejas? - Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.

A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?

Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra...)

Quero solidão.

Despedida está presente no livro Flor de poemas, publicado em 1972. Vemos nos versos nitidamente a procura do locutor do poema pela solidão. Essa busca pela solidão é um caminho, faz parte de um processo.

O sentimento de solidão é uma paráfrase da vontade de morrer, que se expressará no final dos versos quando o eu-lírico afirma "Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra."

A construção do poema é feita com base no diálogo, com perguntas e respostas e um suposto interlocutor do outro lado com quem se estabelece uma comunicação. Uma pergunta que paira é a quem que o eu-lírico se dirige exatamente. No sexto verso vemos, por exemplo, a seguinte questão "E como o conheces? - me perguntarão". Quem faz a pergunta? A dúvida paira no ar.

Despedida é uma criação marcada pela individualidade, repare no uso exaustivo dos verbos em primeira pessoa ("quero", "deixo", "viajo", “ando, “levo”“.). Essa sensação de individualismo é reforçada pelo uso do pronome possessivo "meu", que se repete ao longo do poema.

Seus poemas, extremamente musicais, não estavam filiados a nenhum movimento literário específico, embora a maioria dos críticos rotule a escritora como pertencendo à segunda geração do modernismo brasileiro. Entre os seus temas mais frequentes estão o isolamento, a solidão, a passagem do tempo, a efemeridade da vida, a identidade, o abandono e a perda.

Cecília passeou por entre o jornalismo, a crônica, o ensaio, a poesia e a literatura infantil. Suas palavras vêm encantando gerações e serão aqui por nós lembradas.

4 Retrato

       

Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?

O título do poema (Retrato) evoca uma imagem congelada, cristalizada, parada no tempo e no espaço. Os versos se referem tanto à aparência física (as feições do rosto e do corpo), como também à angústia existencial interior, motivada pela noção da passagem do tempo.

Observamos ao longo dos versos os sentimentos de melancolia, angústia e solidão já característicos da poética de Cecília. Vemos também a tristeza manifestada pela consciência tardia da transitoriedade da vida ("Eu não me dei por essa mudança").

A velhice se nota também a partir da degeneração do corpo. O eu-lírico olha para si mesmo, para aspectos internos e externos. O movimento apresentado nos versos acompanha o decorrer dos dias, no sentido da vida para a morte (a mão que perde a força, se torna fria e morta).

O último verso, poderosíssimo, sintetiza uma reflexão existencial profunda: onde foi que a essência do eu-lírico se perdeu?

Retrato é dos poemas mais celebrados de Cecília e encontra-se declamado online:

5. Encomenda

Desejo uma fotografia
como esta — o senhor vê? — como esta:
em que para sempre me ria
como um vestido de eterna festa.

Como tenho a testa sombria,
derrame luz na minha testa.
Deixe esta ruga, que me empresta
um certo ar de sabedoria.

Não meta fundos de floresta
nem de arbitrária fantasia...
Não... Neste espaço que ainda resta,
ponha uma cadeira vazia.

Inserido no livro Vaga Música (1942), o poema parte de uma experiência profundamente biográfica. Trata-se de um poema autocentrado: que fala das dores, das angústias e dos medos do eu-lírico.

No eu-lírico, que fez um mergulho dentro de si mesmo, lemos a esperança de que uma fotografia possa retrata-lo, identifica-lo, ajuda-lo a mapear o seu eu interior e exterior.

O poema Encomenda tem um tom sombrio, de amargura, apesar do eu-lírico aceitar e acatar a passagem do tempo ("Deixe esta ruga, que me empresta certo ar de sabedoria.")

Na última estrofe, observamos que, por mais que a passagem do tempo seja dura, o eu-lírico não pretende disfarçar o sofrimento nem as mágoas, e deseja assumir a sua solidão assim como assume as suas próprias rugas.

6. Reinvenção

                                         

A vida só é possível
reinventada.

Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas...
Ah! tudo bolhas
que vem de fundas piscinas
de ilusionismo... — mais nada.

Mas a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços
cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.

Não te encontro, não te alcanço...
Só — no tempo equilibrada,
desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só — na treva,
fico: recebida e dada.

Porque a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

Publicado no livro Vaga Música (1942), o poema Reinvenção conta com vinte e seis versos com rimas alternadas em três estrofes. O refrão não possui rimas e é repetido três vezes (no princípio, no meio e no final do poema), reforçando a ideia que deseja transmitir.

Os versos apontam para a necessidade de se olhar ao redor a partir de uma nova perspectiva, experimentando a vida de uma maneira diferente, redescobrindo a cor do cotidiano.

Do ponto de vista negativo, a solidão, uma característica da lírica de Cecília, também aparece ao longo do poema ("Não te encontro, não te alcanço..."). Por outro lado, consciente das dores da vida, o eu-lírico do poema o encerra com um tom de esperança, apontando uma possibilidade de saída solar.

7. A bailarina

                    

Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.

Não conhece nem mi nem fá
Mas inclina o corpo para cá e para lá

Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.

Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.

Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.

Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.

Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.

O poema acima está inserido no livro infantil Ou isto ou aquilo (1964). Assim como os outros versos inseridos na publicação, Cecília adota a estratégia do uso de rimas marcadas e forte musicalidade para atrair as crianças. Os primeiros três versos de A bailarina são repetidos quase ao final do poema dando uma ideia de ciclo.

A produção literária infantil de Cecília procura ir de encontro ao universo e as fantasias das crianças. A protagonista de A bailarina é uma menina comum, não nomeada (provavelmente para promover uma identificação com o público leitor). Vemos nela as angústias naturais de uma criança que tem um único sonho: dançar. O poema, aliás, parece uma espécie de cantiga que evoca a dança devido à sua profunda musicalidade.

Vale lembrar que todo esse universo infantil era muito caro para Cecília, que foi professora de crianças e fundou da primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro. Ao longo dos ensaios publicados em vida é possível observar como a poeta tinha uma enorme preocupação com o destino da educação, especialmente nos primeiros anos de curso.

8. Elegia

    

Neste mês, as cigarras cantam
e os trovões caminham por cima da terra,
agarrados ao sol.
Neste mês, ao cair da tarde, a chuva corre pelas montanhas,
e depois a noite é mais clara,
e o canto dos grilos faz palpitar o cheiro molhado do chão.

Mas tudo é inútil,
porque os teus ouvidos estão como conchas vazias,
e a tua narina imóvel
não recebe mais notícias
do mundo que circula no vento.

Os versos acima constituem um trecho do longo poema Elegia, que Cecília dedicou à memória da avó materna. A portuguesa Jacinta Garcia Benevides foi responsável pela criação da menina após a sua prematura condição de orfandade.

Nos seis primeiros versos vemos o mundo em pleno funcionamento, à todo vapor. Tudo parece obedecer à ordem natural da vida e o cotidiano caminha sem sobressaltos.

A segunda parte do poema, por sua vez, destoa completamente se comparado aos versos iniciais: se no princípio líamos vida, agora lemos morte, se enxergávamos plenitude, passamos a ver ausência.

Vale sublinhar que a morte aqui não é apenas a de quem partiu, mas também a do eu-lírico, que vê um pedaço de si tornar-se oco, vazio, em contraponto com o mundo cheio de vida ao redor.

9. As meninas

                 

Arabela
abria a janela.

Carolina
erguia a cortina.

E Maria
olhava e sorria:
“Bom dia!”

Arabela
foi sempre a mais bela.

Carolina,
a mais sábia menina.

E Maria
apenas sorria:
“Bom dia!”

Pensaremos em cada menina
que vivia naquela janela;

uma que se chamava Arabela,
uma que se chamou Carolina.

Mas a profunda saudade
é Maria, Maria, Maria,

que dizia com voz de amizade:
“Bom dia!”

O famoso poema As Meninas pertence ao livro infantil Ou isto ou aquilo (1964). Nele vemos uma breve historinha repleta de musicalidade, trata-se de uma forma de construir os versos que sugere quase uma canção para o leitor.

O formato escolhido, aliás, não é gratuito: os versos rimados e a repetição facilitam a memorização das crianças e a seduzem a ler e reler o poema repetidas vezes.

A história das três meninas - Arabela, Carolina e Maria -, cada uma com as suas características particulares, é baseada em ações e é relativamente simples, porém extremamente visual. Ao apelar para imagens cotidianas, Cecília consegue aproximar o universo poético da realidade do pequeno leitor.

10. Interlúdio

                     

As palavras estão muito ditas
e o mundo muito pensado.
Fico ao teu lado.

Não me digas que há futuro
nem passado.
Deixa o presente — claro muro
sem coisas escritas.

Deixa o presente. Não fales,
Não me expliques o presente,
pois é tudo demasiado.

Em águas de eternamente,
o cometa dos meus males
afunda desarvorado.

Fico ao teu lado.

Interlúdio é, antes de mais nada, um poema que fala de uma entrega de corpo e alma. Nele o eu-lírico sublinha a necessidade de viver e sentir o momento - o aqui e agora -, sem se refugiar no passado ou se perder nas perspectivas de futuro.

O título do poema (Interlúdio) quer dizer literalmente pausa, intervalo. Possivelmente é uma alusão ao gesto do eu-lírico de refletir sobre os afetos e fazer um balanço da sua vida sentimental. A palavra interlúdio também quer dizer um trecho musical que interrompe duas cenas (ou dois atos), em uma peça dramática. Esse significado também não deve ser descartado porque a poética de Cecília está repleta de música.

Repare no poema como o terceiro verso se repete e é o último a concluir a escrita, simbolizando a certeza do eu-lírico. Apesar dos excessos do mundo (as inúmeras palavras e hipóteses, como mencionado), o sujeito poético sublinha aquilo que tem completa segurança: o desejo de estar o lado do amado.

 


O CAVALO CEGO Josué Guimarães

 

 


 

Quando publicou O cavalo cego, em 1979, ­Josué Guimarães (1921-1986) era um jornalista e um romancista conhecido e respeitado. Havia já publicado algumas de suas grandes obras, como A ferro e fogo I (Tempo de solidão) A ferro e fogo II (Tempo de guerra) É tarde para saber. Este volume reúne seis contos em que o autor revisita o universo ficcional que está presente na maior parte de suas obras. Mas aqui, diferente­mente da maioria de seus outros livros, lança mão de um estilo que alia o registro realista e o fantástico – na melhor tradição latino-americana então em voga, representante de uma reação aos governos totalitários que dominaram os trópicos na segunda metade do século XX.

Nestas histórias, o fantástico se alia ao absurdo e ao irracional da vida; as ações do cavalo cego são uma alegoria para atitudes violentas que tanto marcaram e ainda marcam a sociedade brasileira e que, sob a pena de Josué Guimarães, alcançam não só uma dimensão artística, mas também histórica.

 

 

 

Contos:

"A visita"
"A travessia"
"Uma noite de chuva"
"O cavalo cego"

 

"O elevador"
"Renato, meu amor"

                         

 

Josué Guimarães

Josué Guimarães (RS, 1921-1986) é considerado um dos grandes escritores brasileiros do século XX, tendo deixado uma obra fundamental como romancista, jornalista e autor de histórias infantis e infanto-juvenis.

Josué Marques Guimarães nasceu em São Jerônimo, no Rio Grande do Sul, em 7 de janeiro de 1921. No ano seguinte sua família mudou-se para a cidade de Rosário do Sul, na fronteira com o Uruguai, onde seu pai, um pastor da Igreja Episcopal B...


A SOCIEDADE ROMANA – PAUL VEYNE

 

Paul Veyne estudou na Escola Superior de Paris. É um dos inauguradores do modelo narrativo de reflexão sobre a histórica enquanto ciência. O historiador francês foi, também, um célebre intérprete das obras de Michel Foucault. 

Veyne busca em suas análises desconstruir conceitos pré-definidos e já naturalizados, atribuindo uma interpretação diferente. Além disso, defende a ideia de que muitos fatos são aleatórios e acontecem ao acaso e, sendo assim, o historiador nem sempre deve se ater a busca por uma explicação lógica. Um exemplo da aplicação desse método ocorre na interpretação alternativa de Paul Veyne sobre a conversão de Constantino ao cristianismo. O historiador busca estudar os pormenores do seu objeto histórico, evitando as metodologias teóricas da escola positivista, que buscava a compreensão da história através do estudo de grandes líderes e seus feitos. Certamente não seria possível obter, nessa obra, uma percepção tão profunda acerca dos costumes das sociedades romanas se o seu autor tivesse se limitado a estudar Júlio César. 

A obra “A Sociedade Romana” divide-se em 7 capítulos e em dois grandes grupos: 3 capítulos em “Sociedade, economia e direito” e 4 em “As mentalidades”. 

No primeiro capítulo, o historiador utiliza-se de um texto que, embora não sendo de fato um documento histórico, parece, aos olhos do autor e de seus leitores, profundamente realista e até mesmo típico.  Para provocar uma reflexão histórica, ele se utiliza de uma fonte considerada “não oficial” ou convencional. A principal consequência da utilização de fontes diversas das usuais, é a possibilidade de conhecer novos mundos a partir de novas mentalidades. A narrativa em questão, por exemplo, conta a história de Trimalquião, um escravo que, ao receber a herança de seu senhor, em decorrência do falecimento desse último, se torna rico e liberto. Sem o abandono temporário de fontes originais, Paul Veyne não teria tido criado uma narrativa tão rica como essa que deu base a seu livro. 

Ao mesmo que conta os pormenores da narrativa, o historiador francês critica a teoria elaborada por Michail Ivanovich Rostovcev, um também historiador, que, com base na vida do fictício escravo liberto, estuda o suposto caráter capitalista da economia itálica do século I do Império Romano. Rostovcev afirmaria que esse escravo seria a alegoria para um grupo de indivíduos que haveria inaugurado o que hoje chamamos de empreendedorismo ao vender as terras herdadas, investi-las no comércio e navegação e se tornar um “protótipo de burguês”. Porém, essa possível transformação em um membro da nova classe que estaria, segundo Rostovcev, sendo criada (a burguesia), só seria possível a partir da ascensão de Trimalquião a uma classe acima da sua. Tal situação é refutada por Veyne ao longo da narrativa e veremos o porquê. 

Em primeiro lugar, devo explicar de que forma o escravo consegue a sua emancipação e toda o patrimônio na forma de herança do patrão. No Alto Império, período que se estende das origens de Roma até o século III d. C, o senhor de escravos poderia preferir seus servos à sua própria família, se relacionando com esses de uma forma amistosa e concedendo regalias àqueles mais próximos. Assim, como os laços, na antiga Roma, eram constituídos a partir de nome e não de sangue, ao contrário da nossa concepção hodierna, escravos ou outros indivíduos livres, que não da família do senhor, poderiam herdar o seu patrimônio com sua morte, na tentativa de fazer o seu nome perpetuar ao longo dos anos, uma vez que o herdeiro, se servo, herdava o nome gentílico do patrão.  

Dessa forma, Trimalquião se torna livre e enriquece graças a relação escravo-patrão existente no Império Romano. Mas porque, então, ele não pode ser considerado um burguês, para Paul Veyne? 

A priori, o status e a classe social, em Roma, eram medidos de acordo com a propriedade fundiária do indivíduo e sua família. Assim, quando Trimalquião vende as terras do ex-senhor, o faz com um único proposto: conseguir aplicar esse capital no comércio, para aumentar a quantidade de dinheiro e, assim, adquirir terras. Em nenhum momento ele pretender lucrar o máximo possível por um tempo indeterminado, como faria um burguês, de fato. O comércio é por ele utilizado com o único propósito de multiplicar o seu capital para que mais propriedades possam ser adquiridas. Dessa forma, temos aqui exposto o principal ponto que impede que o escravo liberto em questão seja classificado como burguês. 

O segundo ponto é, a posteriori, a ascensão social que não ocorre com Trimalquião. Em nenhum momento ele deixa de ser visto pela sociedade romana como um escravo liberto. E ele mesmo nem almeja atingir um status que vá além disso: ele se orgulha de sua classe e não teria porque se envergonhar dela: muitos escravos ou escravos libertos viviam em melhores condições do que homens livres da plebe, em decorrência de diversas gratificações e privilégios concedidos por alguns senhores ao seus servos “favoritos”. A única diferença, por vezes, entre os escravizados e os plebeus era que esses últimos possuíam o direito de exercer sua cidadania, enquanto os primeiros não. 

Quando enfim nosso personagem consegue multiplicar seu capital a uma quantidade suficiente para a compra de algumas terras, retira todo o seu dinheiro do comércio. Adquire sua propriedade ao sul da Península Itálica e, ainda que admita que é bem sucedido, considera-se um pertencente à classe dos libertos, nunca um nobre patrício. Trimalquião representa a nobreza dentro da classe dos libertos, confirmando a teoria de Veyne de que a emancipação permitia uma carreira paralela a dos homens livres. Com essa análise, a teoria de Rostovcev é refutada. 

Nos próximos dois capítulos, o autor discorre sobre duas outras características da sociedade romana: a confiança de seus negócios próprios a escravos e a autonomia individual. 

Em relação ao primeiro aspecto, Veyne afirma que o direito romano admite que um patrão arrende a um escravo bens ou uma quantia de dinheiro, que constituem o pecúlio do escravo (p. 50). O intuito dessa ação, por parte dos patrões, não era certamente a benevolência, mas sim, ao entregar uma parte de terra ou certo capital, transformar os próprios escravos em homens de negócio, que poderiam multiplicar o patrimônio do senhor com certa autonomia. Autonomia essa que, fazendo um paralelo com o Brasil escravista, nunca foi dada aos escravos brasileiros: esses não poderiam negociar em nome de seus senhores, jamais teriam um pedaço de terra para chamar de próprio e nem se pensava em assistir um escravo herdando o patrimônio daquele que um dia foi seu dono. 

Em seguida, Veyne utiliza o suicídio enquanto fato social para refletir sobre os costumes e tradições que reinavam entre os habitantes do Império e que diferem em muito dos modernos e contemporâneos. 

O suicídio, em Roma, não era um ato passível de condenação. Diferentemente dos dias de hoje, o indivíduo poderia se suicidar, por uma série de motivos, sem que esse ato fosse considerado crime, ou seja, sem que fosse indigno de uma sepultura ou que a seus herdeiros fosse negado o seu patrimônio como herança. Isso ocorre devido à configuração do direito na época. Para os juristas, as leis diziam respeito somente à assuntos de família, patrimônios e conflitos de interesse. Se determinado homem não incomodasse ninguém e não estivesse disputando nada com seus familiares, não haveria motivo para ser condenado caso tirasse a própria vida. 

Essa concepção, um tanto quanto liberal, não cabia em somente dois casos: caso o suicida estivesse sendo acusado de crime capital ou se fosse um escravo. No primeiro caso, o ato de se suicidar seria, para o Estado romano, o atestado de culpa e, nesse caso, o fisco (aparelho de coleta de impostos estatal) poderia confiscar o patrimônio do indivíduo, impedindo que seus herdeiros tivessem acesso a ele. Já no segundo caso, como o escravo era considerado uma mercadoria e parte da mão de obra do local onde servia, o seu suicídio o provaria inútil e preguiçoso, já que não haveria conseguido atender o seu único suposto objetivo de vida: o de servir. 

Nas páginas seguintes, Veyne discorre acerca da outra face da organização social romana: a economia. Conforme atestam diversas fontes consultadas, como os textos de Ulpiano e Paulo (p.95-97), ambos juristas, a base econômica de Roma era a autarcia. O significado desses, para a época, era de autossuficiência, de independência da economia. 

Para ilustrar o conceito, o historiador utiliza um velho ditado da época citado por Cícero: “trata-se de um herdeiro que conduz um tipo de existência que o levará à ruína e que vende o bosque antes das vinhas” (p. 127). Com o ditado, depreende-se que, ao contrário da economia atual, baseada em especulações, os romanos buscavam segurança econômica. Isso é, independentemente da atividade exercida, o indivíduo buscava sempre um possível “refúgio”, caso algo acontecesse. E essa segurança, por sua vez, não era baseada no temor de uma possível falência econômica, mas sim, no medo de perder a sua posição social, já que essa era medida pelas posses latifundiárias. Assim, o bosque desempenharia, para os romanos, a função de uma caixa de poupança ou de uma apólice de seguro, pois enquanto a certeza dos lucros com a produção das vinhas era incerta, com os bosques essa era quase garantida. 

O próximo objeto de discussão histórica é a família e o amor. Afinal, como seria a relação dos romanos com os seus parentes, com a sua sexualidade e com as suas paixões? 

Em belíssimas páginas, o historiador francês constata a existência de certa autonomia nas relações sociais romanas, principalmente antes da chegada da moral cristã. No Alto Império Romano, predominava uma certa bissexualidade eminentemente dirigida ao ato sexual. É a partir do século III, já no Baixo Império, que a homossexualidade será mal vista e considerada crime, devido a concepção, que será, em períodos posteriores, adotada pelo cristianismo, de que as relações homo afetivas não tinham propósitos naturais e desafiavam a integridade das instituições. 

Mesmo as relações heterossexuais não eram concebidas da forma como as conhecemos hoje, na maioria das sociedades ocidentais. Os matrimônios, até o século III, eram extremamente raros em todas as camadas sociais. Quando dois indivíduos se casavam, o faziam com o único objetivo de transmitir seu patrimônio aos próprios filhos de sangue (o que acontecia poucas vezes, uma vez que os laços biológicos eram os menos importantes para os romanos). 

Até o presente momento, discutiu-se acerca das mentalidades dos indivíduos romanos. Mas a sua vida pública era tanto ou mais ainda interessante. 

 “Mesmo depois de se ter tornado um grande império, Roma conservou a mentalidade de uma coletividade restrita, na qual a opinião pública julga tudo” (p. 200). E de fato. Sobre quaisquer acontecimentos da vida cotidiano, os romanos emitiam o seu parecer. Saíam as ruas para discutir sobre os acontecimentos, gritavam injúrias àqueles que julgavam culpados, escreviam textos obscenos para supostos inimigos e realizavam seus cultos religiosos nas vias públicas. Mas esse aspecto folclórico da vida em comunidade não estava restrito às camadas mais baixas da sociedade. Os nobres e até mesmo os imperadores prestavam contas de suas vidas privadas para toda a cidade, uma vez que se considerava a opinião pública essencial e de extrema importância. 

Por fim, pode-se dizer que uma das estratégias do cristianismo para ganhar cada vez mais adeptos, no Baixo Império, foi incorporar morais pagãs já existentes e adaptá-las, em buscando criar uma moral única e, supostamente, verdadeira. Dessa forma, a relação dos romanos com seus diversos deuses pagãos foi se alterando sem que eles mesmos percebessem. A presença do divino se tornou gradualmente multiforme e informal e, assim,  a “doutrina do livro” (ideologia cristã) conseguiu se perpetuar em uma das mais tradicionais sociedades pagãs dos séculos II e III.  

Em suma, em decorrência das diversas mudanças ocorridas com o paganismo e da criação de uma rede de solidariedade entre os indivíduos marginalizados, os romanos acabaram por enxergar no cristianismo um sentido aceitável, culminando na sua total aceitação, até mesmo pelo imperador Constantino, no século IV. 

Referências 

VEYNE, Paul. Foucault. O pensamento, a pessoa. Lisboa: Edições Texto & Grafia, 2009. 

VEYNE, Paul. Como se escreve a história. Brasília: Editora UnB, 1998. 

VEYNE, Paul. Foucault revoluciona a história. Brasília: Editora UnB, 1998. 

 

                        LIVRO: O URUGUAI


                                                




     POSTADO POR VALDETE FREITAS DE 19/10/2020 À 24/10/2020


Angelica

Os 10 livros que estão sendo mais lidos na quarentena

A pandemia da Covid-19 tem modificado a rotina das pessoas e criado novos hábitos em todo o mundo. Mesmo com as livrarias e bibliotecas fechadas, movimentos em favor da leitura estão crescendo nas redes sociais, mostrando os livros como companheiros ideais durante a quarentena.

Tratam-se das obras adquiridas por meio das indicações da Revista Bula. Composta por grandes clássicos, a seleção abrange títulos como “Admirável Mundo Novo” (1932), de Aldous Huxley; e “A Peste” (1947), de Albert Camus.

1984 (1949), George Orwell

Último livro de George Orwell, “1984” é um dos romances mais influentes do século 20. A história gira em torno de Winston, um homem que vive aprisionado em uma sociedade completamente dominada pelo Estado, representado pelo Partido e pelo líder Grande Irmão. O Partido se interessa unicamente pelo poder e reprime qualquer tipo de liberdade de expressão. Winston trabalha com a falsificação de registros históricos do governo, mas não está satisfeito com a realidade, que se disfarça de democracia, e ousa questionar a opressão que o Grande Irmão exerce sobre a sociedade. Para escrever essa obra, o britânico Orwell se inspirou nos regimes totalitários das décadas de 1930 e 40, mas suas críticas e reflexões permanecem atuais. Ele morreu em 1950.

 

 

Ensaio Sobre a Cegueira (1995), de José Saramago

Um motorista parado no sinal se descobre subitamente cego. É o primeiro caso de uma “treva branca” que logo se espalha após as pessoas irem socorrê-lo. Uma cegueira, branca, como um mar de leite e jamais conhecida, torna-se uma epidemia. O governo decide agir e as pessoas infectadas são colocadas em uma quarentena com recursos limitados. Logo, os cegos se percebem reduzidos à essência primitiva humana, numa verdadeira luta por sobrevivência. As medidas do governo não funcionam e depressa o mundo se torna cego, com exceção de uma mulher misteriosa, que enxerga sozinha os horrores causados pela pandemia.

 

 

 

A Peste (1947), de Albert Camus

Em certa manhã, na cidade de Orã, na Argélia, o doutor Bernard Rieux sai do seu consultório e tropeça em um rato morto. Esse é o primeiro sinal de uma terrível epidemia que assombra a população. Sujeita à quarentena, a cidade torna-se um ambiente inóspito e os moradores são levados à loucura por causa do sofrimento. Mas, no meio disso, eles também descobrem o valor da compaixão e da solidariedade em tempos sombrios. “A Peste”, um dos livros mais lidos no período pós-guerra, consagrou Albert Camus como um dos autores fundamentais do século 20. Ele, que recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1957, morreu em 1960, em um acidente de carro.

 

 

 

 

O Conto da Aia (1985), Margaret Atwood

A história se passa em Gileade, um Estado teocrático e totalitário, localizado onde um dia existiu os Estados Unidos. Esse novo governo foi criado por um grupo fundamentalista autointitulado “Filhos de Jacó”, com o objetivo de “restaurar a ordem”. Anuladas por uma opressão sem precedentes, as mulheres não têm direitos e são divididas em categorias: esposas, marthas, salvadoras e aias. As aias pertencem ao governo e existem unicamente para procriar. Entre elas, está June, nomeada Offred, que é afastada de sua família para servir a um comandante. Apesar de ser designada para dar um filho ao seu chefe, Offred se envolve amorosamente com Nick, o motorista da família, e compartilha segredos de seu passado com ele.

 

 

 

 

Admirável Mundo Novo (1932), Aldous Huxley

O romance é ambientado em um futuro distópico, no qual as pessoas são pré-condicionadas biologicamente e condicionadas psicologicamente a viverem em harmonia, mantendo a ordem e a moral, em uma sociedade organizada por castas. Literatura, música e cinema só têm a função de solidificar o espírito de conformidade. A ciência domina e a simples menção às antiquadas palavras “pai”, “mãe” ou “Deus” produzem repugnância. Bernard Marx, insatisfeito com o sistema, descobre que existe uma reserva natural, onde ainda vivem homens que mantêm os costumes primitivos. Ele decide viajar para este lugar e tenta levar um exemplar dos “selvagens” para a sociedade científica e civilizada.

 

 

 

 

O Amor nos Tempos do Cólera (1985), Gabriel García Márquez

“O Amor nos Tempos do Cólera” narra a paixão do telegrafista, violinista e poeta Florentino Ariza por Fermina Daza. Ainda muito jovem, Florentino se apaixona por Fermina, mas o romance enfrenta a oposição do pai da moça, que tenta impedir o casamento enviando a filha ao interior numa viagem de um ano. Tudo isso ocorre enquanto a Colômbia enfrenta uma epidemia devastadora de cólera. Fermina acaba por se casar com Juvenal Urbino, médico conceituado por erradicar a doença. Inesperadamente, após 53 anos da separação, ela reencontra Fermino. A trama é inspirada na história real de amor vivida por Gabriel Elígio García e Luiza Márquez, pais do autor.

 

 

 

 

Fahrenheit 451 (1953), de Ray Bradbury

Escrito após o término da Segunda Guerra Mundial, em 1953, “Fahrenheit 451” condena não só a opressão anti-intelectual nazista, mas principalmente o autoritarismo do mundo pós-guerra. O livro descreve um governo totalitário, num futuro incerto, que proíbe qualquer tipo de leitura, prevendo que o povo possa ficar instruído e se rebelar contra o status quo. Tudo é controlado e as pessoas só têm conhecimento dos fatos por aparelhos de TVs instalados em suas casas ou em praças ao ar livre. Nesse contexto, Guy Montag, um bombeiro que trabalha queimando livros, se encontra descontente com seu emprego e com o governo. Então, ele tenta mudar a sociedade e encontrar uma maneira de viver feliz.

 

 

 

 

A Revolução dos Bichos (1945), de George Orwell

Uma fábula sobre o poder, “A Revolução dos Bichos” narra a insurreição dos animais de uma granja contra seus donos. Sob o comando dos porcos Napoleão e Bola-de-Neve, os bichos expulsam os proprietários da terra e criam suas próprias regras. Mas, os dois porcos começam a competir entre si, Bola-de-Neve é enxotado do território e Napoleão é declarado líder por unanimidade. Com o tempo, o porco governante se torna autoritário, assemelha-se cada vez mais aos humanos e submete os animais a condições de trabalho degradantes. Escrita em plena Segunda Guerra Mundial, essa pequena narrativa causou desconforto ao satirizar a ditadura stalinista numa época em que os soviéticos eram aliados do Ocidente na luta contra o nazifascismo.

 

 

 

 

Demian (1919), de Hermann Hesse

Emil Sinclair é um jovem criado por pais religiosos. Apesar do amor que sente pela família, Sinclair já não quer levar a vida da mesma maneira que seus pais. Atormentado pela falta de respostas às suas questões sobre a vida, ele faz amizade com Max Demian, um colega de classe precoce e carismático, que o ajuda em sua busca por conhecimento. Demian defende que o ser humano deve celebrar não apenas seu lado bom, mas também instintos perversos. Influenciado pelo novo amigo, Sinclair começa a descobrir os prazeres da adolescência. Hermann Hesse ganhou o Nobel de Literatura em 1946. Após a eclosão do movimento de contracultura, na década de 1960, ele se tornou o autor europeu mais lido e traduzido do século 20.

 

 

 

 

Cem Anos de Solidão (1967), de Gabriel García Márquez

Uma das obras-primas de Gabriel García Márquez, o livro narra a fantástica e triste história da família Buendía, que vive na pequena e fictícia Macondo, ao longo de um período de 100 anos. A trama acompanha as diversas gerações da família, assim como a ascensão e a queda do vilarejo em que vivem. Os Buendía nascem e morrem, vão embora ou permanecem na aldeia até seus últimos dias. O que todos possuem em comum é a luta contra a realidade e a solidão que sentem, mesmo vivendo em meio a muitos. O livro é considerado a obra que consagrou Gabriel García Márquez como um dos maiores autores do século 20.

 


OS LIVROS MAIS VENDIDOS DE 2020 ATÉ AGORA

Então que tal dar uma olhada em quais foram os livros mais vendidos de 2020 até o momento? Selecionamos o que foi destaque no mercado literário e também aqui na Estante Virtual. Confira esses títulos e não deixe passar nenhuma leitura!

LITERATURA BRASILEIRA E ESTRANGEIRA

  • A vida mentirosa dos adultos - Elena Ferrante

A vida mentirosa dos adultos

Elena Ferrante

A partir de

R$

 

40,00

 

 

  • O Homem de Giz - C. J. Tudor

O Homem de Giz

C. J. Tudor

A partir de

R$

 

24,90

 

 

  • A Garota do Lago - Charlie Donlea

A Garota do Lago

Charlie Donlea

A partir de

R$

 

10,00

 

 

  • A Paciente Silenciosa - Alex Michaelides

A Paciente Silenciosa

Alex Michaelides

A partir de

R$

 

29,00

 

 

A Irmã do Sol

Lucida Riley

A partir de

R$

 

24,00

 

 

  • O Hobbit - J. R. R. Tolkien

O Hobbit

J. R. R. Tolkien

A partir de

R$

 

15,00

 

 

  • O que aconteceu com Annie - C. J. Tudor

O que aconteceu com Annie

C. J. Tudor

A partir de

R$

 

32,00

 

 

  • Duna - Frank Herbert

Duna

Frank Herbert

A partir de

R$

 

50,00

 

 

  • Todas As Suas Imperfeições - Colleen Hoover

Todas As Suas Imperfeições

Colleen Hoover

A partir de

R$

 

35,00

 

 

  • O Colecionador - John Fowles

O Colecionador

John Fowles

A partir de

R$

 

12,00

 

 

  • Prazer em queimar  - Ray Bradbury

Prazer em queimar

Ray Bradbury

A partir de

R$

 

39,00

 

 

  • Pessoas normais  - Sally Rooney

Pessoas normais

Sally Rooney

A partir de

R$

 

36,23

 

 

  • Quarto de Despejo - Diário de uma Favelada - Carolina Maria de Jesus

Quarto de Despejo - Diário de uma Favelada

Carolina Maria de Jesus

A partir de

R$

 

29,90

 

 

  • A vida não é útil  - Ailton Krenak

A vida não é útil

Ailton Krenak

A partir de

R$

 

23,88

 

 

  • Memórias da plantação: Episódios de racismo cotidiano - Grada Kilomba

Memórias da plantação: Episódios de racismo cotidiano

Grada Kilomba

A partir de

R$

 

28,90

 

NÃO FICÇÃO

  • Pequeno manual antirracista - Djamila Ribeiro

Pequeno manual antirracista

Djamila Ribeiro

A partir de

R$

 

19,87

 

 

  • Sapiens - uma Breve Historia da Humanidade - Yuval Noah Harari

Sapiens - uma Breve Historia da Humanidade

Yuval Noah Harari

A partir de

R$

 

28,73

 

 

  • Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar - Daniel Kahneman

Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar

Daniel Kahneman

A partir de

R$

 

39,00

 

 

  • Sociedade do Cansaço - Byung-chul Han

Sociedade do Cansaço

Byung-chul Han

A partir de

R$

 

20,00

 

 

  • 21 Lições para o Século 21 - Yuval Noah Harari

21 Lições para o Século 21

Yuval Noah Harari

A partir de

R$

 

39,00

 

 

  • Como as Democracias Morrem - Steven Levitsky, Daniel Ziblatt

Como as Democracias Morrem

Steven Levitsky, Daniel Ziblatt

A partir de

R$

 

41,80

 

 

  • Racismo Estrutural  - Silvio Almeida

Racismo Estrutural

Silvio Almeida

A partir de

R$

 

19,90

 

 

  • Dez argumentos para você deletar agora suas redes sociais - Jaron Lanier

Dez argumentos para você deletar agora suas redes sociais

Jaron Lanier

A partir de

R$

 

20,00

 

 

  • Lugar de fala  - Djamila Ribeiro

Lugar de fala

Djamila Ribeiro

A partir de

R$

 

14,93

 

 

  • Mulheres Que Correm Com os Lobos - Clarissa Pinkola Estés

Mulheres Que Correm Com os Lobos

Clarissa Pinkola Estés

A partir de

R$

 

40,00

 

 

  • A Ciranda das Mulheres Sábias - Clarissa Pinkola Estés

A Ciranda das Mulheres Sábias

Clarissa Pinkola Estés

A partir de

R$

 

17,90

 

 

  • Minha História  - Michelle Obama

Minha História

Michelle Obama

A partir de

R$

 

47,90

 

 

  • O Mito da Beleza - Naomi Wolf

O Mito da Beleza

Naomi Wolf

A partir de

R$

 

52,00

 

 

  • Comunicação Não-violenta - Marshall B. Rosenberg

Comunicação Não-violenta

Marshall B. Rosenberg

A partir de

R$

 

68,92

 

 

  • O Corpo Fala - Pierre Weil e Roland Tompakow

O Corpo Fala

Pierre Weil e Roland Tompakow

A partir de

R$

 

38,00

 

INFANTOJUVENIL

  • Anne de Green Gables - Lucy Maud Montgomery

Anne de Green Gables

Lucy Maud Montgomery

A partir de

R$

 

12,80

 

 

  • O Diário Perdido de Gravity Falls - Volume 3 - Alex Hirsch

O Diário Perdido de Gravity Falls - Volume 3

Alex Hirsch

A partir de

R$

 

52,73

 

 

  • A Seleção - Kiera Cass

A Seleção

Kiera Cass

A partir de

R$

 

19,90

 

 

  • A Elite - Kiera Cass

A Elite

Kiera Cass

A partir de

R$

 

21,90

 

 

  • Diário de um banana - Quebra Tudo - Jeff Kinney

Diário de um banana - Quebra Tudo

Jeff Kinney

A partir de

R$

 

20,00

 

 

  • A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes  - Suzanne Collins

A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes

Suzanne Collins

A partir de

R$

 

35,64

 

 

  • Sol da Meia-Noite  - Stephanie Meyer

Sol da Meia-Noite

Stephanie Meyer

A partir de

R$

 

50,30

 

 

  • O Mundo de Sofia - Jostein Gaarder

O Mundo de Sofia

Jostein Gaarder

A partir de

R$

 

25,00

 

 

  • As Crônicas de Nárnia - Volume Único - C. S. Lewis

As Crônicas de Nárnia - Volume Único

C. S. Lewis

A partir de

R$

 

15,00

 

 

  • Corte de Espinhos e Rosas - Sarah J. Maas

Corte de Espinhos e Rosas

Sarah J. Maas

Esgotado

CLÁSSICOS QUE ESTÃO EM ALTA

  • A Peste - Albert Camus

A Peste

Albert Camus

Esgotado

 

  • Quarto de Despejo - Diário de uma Favelada - Carolina Maria de Jesus

Quarto de Despejo - Diário de uma Favelada

Carolina Maria de Jesus

A partir de

R$

 

29,90

 

 

  • A Revolução dos Bichos - George Orwell

A Revolução dos Bichos

George Orwell

A partir de

R$

 

14,99

 

 

  • O Morro dos Ventos Uivantes - Emily Bronte

O Morro dos Ventos Uivantes

Emily Bronte

A partir de

R$

 

9,99

 

 

  • Os Miseráveis - Victor Hugo

Os Miseráveis

Victor Hugo

A partir de

R$

 

9,80

 

 

  • Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas - Dale Carnegie

Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas

Dale Carnegie

A partir de

R$

 

10,00

 

 

  • História da Riqueza do Homem - Leo Huberman

História da Riqueza do Homem

Leo Huberman

A partir de

R$

 

8,00

 

 

  • Drácula - Bram Stoker

Drácula

Bram Stoker

A partir de

R$

 

5,40

 

 

  • Dom Quixote - Miguel de Cervantes

Dom Quixote

Miguel de Cervantes

A partir de

R$

 

6,50

 

 

  • Angústia - Graciliano Ramos

Angústia

Graciliano Ramos

Esgotado

 

  • A Hora da Estrela - Clarice Lispector

A Hora da Estrela

Clarice Lispector

A partir de

R$

 

9,90

 

 

  • O Alienista - Machado de Assis

O Alienista

Machado de Assis

A partir de

R$

 

4,95

 

 

  • A Ilha Perdida - Maria José Dupré

A Ilha Perdida

Maria José Dupré

A partir de

R$

 

18,00

 

 

 

  • A Droga da Obediência - Pedro Bandeira

A Droga da Obediência

Pedro Bandeira

A partir de

R$

 

8,00

 

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