E o que temos para DEZEMBRO? CLICK e CONFIRA-Postado por Valdete Freitas

POSTADO POR VALDETE FREITAS A PARTIR 
DE 11/11/2020

 Os 52 melhores filmes de comédia que você precisa ver

 

Carolina Marcello

Carolina Marcello

Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes

Para esquecer os problemas e dar umas risadas, nada melhor que uma boa dose de humor. Neste conteúdo, preparamos uma lista de filmes de comédia para todos os gostos, misturando os lançamentos mais recentes com os clássicos essenciais:

1. Borat: Fita de Cinema Seguinte (2020)

Borat: Fita de Cinema Seguinte (2020)

Dirigido por: Jason Woliner
Disponível em: Amazon Prime Video

Sempre polêmico e politicamente incorreto, Borat regressa aos Estados Unidos da América, com mais uma sátira à cultura do país. Desta vez, o repórter está acompanhado por Tutar, sua filha adolescente, e a dupla vive peripécias inacreditáveis.

2. Podres de Ricos (2018)

Podres de Ricos (2018)

Dirigido por: Jon M. Chu
Disponível em: Netflix, Google Play Filmes

Um grande sucesso com o público e a crítica, o filme conta a história de Rachel Chu, uma mulher que viaja até Singapura para conhecer a família do namorado, Nick Young. Chegando lá, ela descobre que os familiares dele fazem parte da alta elite da região.

3. Minha Mãe é Uma Peça 3 (2019)

Minha Mãe é Uma Peça 3 (2019)

Dirigido por: Susana Garcia

Dona Hermínia é, sem dúvida, uma das mães mais engraçadas da ficção nacional. Desta vez, a vida da protagonista se complicou: a filha está grávida, o filho vai casar e o ex-marido se mudou para a região. Perante tantas emoções, ela percebe que está na hora de se reinventar.

4. Jojo Rabbit (2019)

Jojo Rabbit (2019)

Dirigido por: Taika Waititi
Disponível em: Google Play Filmes

A comédia dramática é controversa e dividiu a crítica, mas pretende ser uma sátira aos discursos e à propaganda de ódio. Jojo é um garoto alemão que deseja pertencer à Juventude Hitlerista e fantasia com o ditador. Enquanto isso, a sua mãe esconde Elsa, uma menina judia, no porão de casa.

5. O Grande Lebowski (1998)

O Grande Lebowski (1998)

Dirigido por: Ethan e Joel Coen
Disponível em: Google Play Filmes

Conhecido simplesmente como "O Cara", Jeff Lebowski é um homem desempregado que leva uma vida relaxada, jogando boliche com os amigos. Quando a sua casa é invadida e o seu tapete favorito é vandalizado, ele descobre que está sendo confundido com um milionário que tem o mesmo nome.

6. Todo Mundo Quase Morto (2004)

Todo Mundo Quase Morto (2004)

Dirigido por: Edgar Wright

O longa-metragem franco-britânico é protagonizado por Shaun, um cidadão que está exausto da sua rotina e vive de forma quase "automática", sem interesse pelo que está em volta. Contudo, o seu estado de espírito se altera com o surgimento de um surto de zumbis que o força a tomar uma atitude para salvar a família e a namorada.

7. Missão Madrinha de Casamento (2011)

Missão Madrinha de Casamento (2011)

Dirigido por: Paul Feig
Disponível em: Netflix, Google Play Filmes

A comédia romântica segue os passos de Annie, uma mulher que está enfrentando uma fase péssima na sua vida amorosa e profissional. Quando Lillian a convida para ser madrinha do seu casamento, inicia a sua competição com a nova amiga da noiva, Helen, que quer tomar o seu lugar.

8. Eu Não Sou um Homem Fácil (2018)

Eu Não Sou um Homem Fácil (2018)

Dirigido por: Éléonore Pourriat
Disponível em: Netflix

O filme francês conta as desventuras de Damien, um homem machista que bate com a cabeça e desmaia. Quando acorda, ele vai parar em um universo paralelo dominado pelas mulheres. Em choque, ele começa a conhecer as realidades da objetificação e do assédio, normalmente vividas pelo gênero feminino.

9. Napoleon Dynamite: Um Novo Herói (2004)

Napoleon Dynamite: Um Novo Herói (2004)

Dirigido por: Jared Hess

Napoleon é um garoto nerd que tem uma estrutura familiar bem complicada. Depois da avó sofrer um acidente e ser internada, seu tio Rico surge para tomar conta dele e do irmão, Kip. No entanto, o protagonista não desanima e faz amizade com Pedro Sanchez, um aluno mexicano que resolveu se candidatar à presidência da associação de alunos.

10. Doentes de Amor (2017)

Doentes de Amor (2017)

Dirigido por: Michael Showalter

Kumail é um comediante e motorista paquistanês que mora nos Estados Unidos da América e conhece Emily, uma estudante de Psicologia norte-americana. O casal se apaixona rapidamente, mas as suas diferenças culturais provocam discussões. Quando a namorada descobre que está doente, o protagonista precisa achar um jeito de estabelecer a harmonia entre as famílias.

11. Apertem os Cintos... o Piloto Sumiu! (1980)

Apertem os Cintos... o Piloto Sumiu! (1980)

Dirigido por: Jim Abrahams, David e Jerry Zucker
Disponível em: Google Play Filmes, Amazon Prime Video

O longa de "comédia pastelão" já virou um clássico, principalmente para aqueles que gostam de um humor mais sombrio. A narrativa ocorre durante uma viagem de avião, onde servem comida estragada e a tripulação passa mal. De repente, é necessário achar alguém capaz de assumir o controle do avião.

12. Deadpool (2016)

Deadpool (2016)

Dirigido por: Tim Miller
Disponível em: Google Play Filmes

O longa-metragem acompanha o destino do super-herói mais bem-humorado da Marvel Comics. Wade Wilson é um antigo militar que ganha a vida como mercenário até descobrir que está com um câncer terminal. Depois de ser submetido a um tratamento experimental, ele ganha superpoderes e prepara a sua vingança.

13. Fora de Série (2019)

Fora de Série (2019)

Dirigido por: Olivia Wilde
Disponível em: Looke, TeleCine Play

Molly e Amy são duas adolescentes responsáveis e estudiosas que estão terminando o ensino médio. No último dia de aulas, elas percebem que essa dedicação acabou privando as duas de se divertirem. Assim, elas decidem quebrar todas as regras durante uma noite.

14. Anjos da Lei (2012)

Anjos da Lei (2012)

Dirigido por: Phil Lord e Christopher Miller

Inspirado na série de TV com o mesmo título, o filme segue a carreira de Greg e Morton, dois policiais novatos que se conheceram durante o ensino médio. Agora, a primeira grande missão dos dois é regressar ao colégio, disfarçados de estudantes, para desmontar uma rede criminosa.

15. Se Beber, Não Case! (2009)

Se Beber, Não Case! (2009)

Dirigido por: Todd Phillips
Disponível em: Netflix, Google Play Filmes

Antes do seu casamento, Doug viaja para Las Vegas onde vai comemorar a despedida de solteiro com os melhores amigos. Contudo, a festa é tão boa que o noivo some e eles acordam na manhã seguinte sem lembrar de nada do que aconteceu.

16. Scott Pilgrim contra o Mundo (2010)

Scott Pilgrim contra o Mundo (2010)

Dirigido por: Edgar Wright
Disponível em: Netflix, Google Play Filmes

O longa de ação, comédia e fantasia é uma adaptação das histórias em quadrinhos de Bryan Lee O'Malley e tem um herói fora do comum. Scott é um adolescente canadense que se apaixona por Ramona, uma garota que acabou de chegar dos Estados Unidos. Para ficar com ela, o herói precisa derrotar sete vilões: os seus ex-namorados.

17. Meninas Malvadas (2004)

Meninas Malvadas (2004)

Dirigido por: Mark Waters
Disponível em: Netflix, Google Play Filmes, Amazon Prime Video

O filme icônico dos anos 2000 é protagonizado por Cady, uma adolescente que chegou da África do Sul e frequenta um colégio norte-americano pela primeira vez. Lá, ela conhece "As Poderosas", uma espécie de elite liderada pela implacável Regina George.

18. O Que Fazemos nas Sombras (2014)

O Que Fazemos nas Sombras (2014)

Dirigido por: Taika Waititi, Jemaine Clement

A comédia neozelandesa de terror é um falso documentário que segue quatro vampiros: Viago, Vladislav, Deacon e Petyr. Com poderes sobrenaturais e séculos de idade, eles dividem um apartamento e precisam conciliar a violência com as obrigações da vida comum.

19. O Âncora: A Lenda de Ron Burgundy (2004)

O Âncora: A Lenda de Ron Burgundy (2004)

Dirigido por: Adam McKay
Disponível em: Google Play Filmes

O filme é passado nos 70 e segue os passos de Ron Burgundy, uma celebridade da televisão norte-americana. Aos poucos, o âncora de TV começa sentir que o seu brilho é ofuscado pela colega de trabalho e inicia uma enorme batalha entre os dois.

20. A Vida de Brian (1978)

A Vida de Brian (1978)

Dirigido por: Terry Jones
Disponível em: Netflix

Criado pelo grupo de comédia inglês Monty Python, o filme cult conta a história de Brian Cohen, um homem que nasceu no mesmo dia e local que Jesus Cristo. Tudo se complica quando esse sujeito comum começa a ser confundido com o filho de Deus.

21. Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (1988)

Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (1988)

Dirigido por: Pedro Almodóvar

O célebre filme espanhol acompanha várias mulheres cujos destinos se cruzam e que, por diversas circunstâncias da vida, atingiram o seu limite. Pepa está grávida do amante, Ivan, e é abandonada por ele. Lucia, a esposa traída, descobre o caso e resolve matá-lo. Enquanto isso, Candela, a amiga de Pepa, está fugindo da polícia porque seu namorado é terrorista.

22. Superbad - É Hoje (2007)

Superbad - É Hoje (2007)

Dirigido por: Greg Mottola
Disponível em: Google Play Filmes

Evan e Seth são dois adolescentes que estão quase terminando o ensino médio. Com a ajuda de Foggel, eles criam um plano para conquistar as suas "crushes" e comprar bebidas alcoólicas com documentos falsos.

23. Juno (2007)

Juno (2007)

Dirigido por: Jason Reitman
Disponível em: Google Play Filmes

A comédia dramática é protagonizada por Juno, uma adolescente que engravida aos 16 anos, do melhor amigo, Paulie. Apesar da situação complicada, e de terem que tomar decisões difíceis, os jovens não perdem o bom-humor.

24. O Grande Hotel Budapeste (2014)

O Grande Hotel Budapeste (2014)

Dirigido por: Wes Anderson
Disponível em: Google Play Filmes, TeleCine Play

Conhecida pela beleza de suas imagens, esta comédia dramática é passada em um hotel localizado na República da Zubrowka. O enredo acompanha as aventuras vividas pelo concierge e seu aprendiz no local de luxo, lidando com hóspedes peculiares.

25. Tô Ryca! (2016)

Tô Ryca! (2016)

Dirigido por: Pedro Antonio

A comédia nacional conta a história de Selminha, uma mulher humilde que trabalha como frentista. A sua vida muda radicalmente quando recebe uma grande herança, mas existe uma condição: ela tem um mês para gastar 30 milhões de reais.

26. Queime Depois de Ler (2008)

Queime Depois de Ler (2008)

Dirigido por: Ethan e Joel Coen

Chad e Linda são dois funcionários de uma academia que acham um CD que contém informações confidenciais de um antigo agente da CIA. É então que eles decidem chantageá-lo, pedindo uma quantia de dinheiro para devolver o objeto.

27. Os Amantes Passageiros (2014)

Os Amantes Passageiros (2014)

Dirigido por: Pedro Almodóvar

A comédia espanhola é passada durante um voo que começa a ter problemas para aterrizar. Depois de doparem os passageiros para evitar o pânico, os comissários de bordo começam a trocar confissões inesperadas.

28. Zoolander (2001)

Zoolander (2001)

Dirigido por: Ben Stiller

O filme de comedia e ação já virou um clássico e se foca em Derek Zoolander, um antigo modelo de sucesso que foi substituído por Hansel, o seu rival. Agora, ele está disposto a tudo para recuperar a fama que perdeu, numa sátira inesquecível ao mundo da moda e das celebridades.

29. Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977)

Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977)

Dirigido por: Woody Allen
Disponível em: Google Play Filmes

Annie Hall e Alvy Singer, os protagonistas da célebre comédia romântica, são um casal que está em crise. O humorista e a cantora se apaixonaram de repente e decidiram morar juntos, mas eles não sabiam que os problemas conjugais estavam apenas começando.

30. Corra que a Polícia Vem Aí! (1988)

Corra que a Polícia Vem Aí! (1988)

Dirigido por: David Zucker

Outra obra imperdível para quem adora filmes "pastelão", o longa teve duas sequências e é protagonizado por Frank Drebin, um policial incompetente. Quando fica responsável por proteger a rainha Elizabeth II de um atentado, ele acaba se apaixonando por uma das criminosas.

31. Quem Vai Ficar com Mary? (1998)

Quem Vai Ficar com Mary? (1998)

Dirigido por: Peter e Bobby Farrelly
Disponível em: Google Play Filmes, TeleCine Play

Ted, um jovem tímido, ia acompanhar Mary, a garota mais bonita do colégio, a um baile, mas sofreu um acidente. Muitos anos depois, ele contrata um detetive para descobrir o seu paradeiro, mas o homem também se apaixona por ela. Agora, os pretendentes precisam competir pelo seu amor.

32. O Auto da Compadecida (2000)

Dirigido por: Guel Arraes

O grande sucesso do cinema brasileiro é uma adaptação da peça de teatro homônima de Ariano Suassuna e conquistou admiradores em várias partes do mundo. João Grilo e Chicó são dois mentirosos que dão golpes para sobreviver. A vida da dupla se altera quando assistem a uma aparição de Nossa Senhora.

33. Chumbo Grosso (2007)

Chumbo Grosso (2007)

Dirigido por: Edgar Wright
Disponível em: Google Play Filmes

O filme britânico de comédia e ação se foca em Nicholas, um policial que incomoda os colegas por ser tão bom no seu trabalho. Por causa disso, ele é enviado para um local no interior do país, onde quase não existe crime, mas acaba descobrindo um mistério por lá.

34. Tempos Modernos (1936)

Tempos Modernos (1936)

Dirigido por: Charlie Chaplin
Disponível em: TeleCinePlay

O filme mudo de Chaplin é uma obra fundamental do cinema, tratando-se de uma sátira ao sistema capitalista e ao modo como os trabalhadores eram tratados depois da Revolução Industrial. O protagonista da história é um operário que sofre uma crise nervosa por causa do grau de exigência do seu trabalho.

Confira também a nossa análise do filme Tempos Modernos.

35. Banzé no Oeste (1974)

Banzé no Oeste (1974)

Dirigido por: Mel Brooks
Disponível em: Google Play Filmes

A comédia norte-americana de faroeste é passada em uma pequena localidade que vivia sendo atacada por bandidos da região. Para resolver o problema, Bart chega para ser o novo xerife do local, mas é rejeitado pela população racista. É aí que ele trava uma amizade improvável com um pistoleiro conhecido como The Waco Kid.

36. O Diário de Bridget Jones (2001)

O Diário de Bridget Jones (2001)

Dirigido por: Sharon Maguire

Como resolução de Ano Novo, Bridget decide fazer algumas mudanças na sua vida e começa a escrever um diário. No caderno, ela vai registrando as suas aventuras e desventuras hilariantes: problemas familiares, profissionais e até um triângulo amoroso.

37. Eu Sou um Cyborg, E Daí? (2006)

Eu Sou um Cyborg, E Daí? (2006)

Dirigido por: Park Chan-wook

O filme sul-coreano de romance, comédia e drama conta a história de Cha, uma moça que acredita ser um robô de combate. Quando é internada em uma clínica psiquiátrica, ela começa a viver um estranho romance com Il-soon, um jovem que apresenta sintomas de esquizofrenia.

38. O Diabo Veste Prada (2006)

O Diabo Veste Prada (2006)

Dirigido por: David Frankel
Disponível em: Google Play Filmes, TeleCine Play

Andy acabou de se formar e achou o emprego dos seus sonhos: vai ser assistente da editora de uma importante revista de moda. Só existe um pequeno problema: Miranda Priestly, a chefe autoritária e arrogante que vive infernizando a sua vida.

39. O Balconista (1994)

O Balconista (1994)

Dirigido por: Kevin Smith

Filmado na loja onde o diretor trabalhava, o filme se tornou famoso principalmente devido aos personagens Jay e Bob Calado. A narrativa é passada no balcão de um loja e acompanha as conversas dos funcionários e os comportamentos dos clientes, traçando um retrato da juventude dos anos 90.

40. Ligeiramente Grávidos (2007)

Ligeiramente Grávidos (2007)

Dirigido por: Judd Apatow
Disponível em: Netflix, Google Play Filmes

Ben e Alison são dois desconhecidos que se encontram em uma boate e passam a noite juntos. Pouco tempo depois, eles descobrem que o caso passageiro gerou um bebê. Mesmo sem nada em comum, eles precisam encontrar uma forma de viver em harmonia e criar uma família.

41. As Bem-Armadas (2013)

As Bem-Armadas (2013)

Dirigido por: Paul Feig
Disponível em: Google Play Filmes, TeleCine Play

O longa-metragem de comédia e ação acompanha Sarah Ashburn e Shannon Mullins, uma agente do FBI e uma detetive da Polícia de Boston que recebem uma missão comum. Embora assumam posturas totalmente diferentes e briguem bastante, as duas precisam trabalhar juntas para derrubar uma rede de tráfico.

42. Ressaca de Amor (2008)

Ressaca de Amor (2008)

Dirigido por: Nicholas Stoller
Disponível em: Netflix, Google Play Filmes, Looke

Depois de um relacionamento de cinco anos, Sarah decide abandonar o companheiro, Peter, que fica completamente arrasado. O protagonista resolve viajar para esquecer a ex, mas chegando no Havaí ele descobre que está hospedado no mesmo hotel que Sarah e seu novo namorado.

43. Priscilla, A Rainha do Deserto (1994)

Priscilla, A Rainha do Deserto (1994)

Dirigido por: Stephan Elliott
Disponível em: Google Play Filmes

Quando Mitzi, Felicia e Bernadette são contratadas para fazer um show de drag queen no interior da Austrália, elas não imaginam o que vem pela frente. É assim que as protagonistas atravessam o deserto de ônibus (chamado "Priscilla") e acabam vivendo uma aventura inigualável.

44. Os Excêntricos Tenenbaums (2001)

Os Excêntricos Tenenbaums (2001)

Dirigido por: Wes Anderson
Disponível em: Google Play Filmes

Os Tenenbaums são uma família bem estranha: os filhos cresceram repletos de sucesso e talento, mas acabaram se afastando depois do divórcio dos pais. Anos mais tarde, quando todos caíram em desgraça, o patriarca resolve reunir os parentes e recuperar os laços familiares.

45. A Mentira (2010)

A Mentira (2010)

Dirigido por: Will Gluck
Disponível em: Netflix, Google Play Filmes

Olive é uma adolescente que se esforça para ser popular no colégio e resolve mentir, falando para uma amiga que tinha perdido a virgindade. A partir daí, ela começa a ser alvo de boatos e comentários maldosos dos companheiros de classe, mas encontra uma forma de reverter a situação.

46. Kung-Fusão (2004)

Kung-Fusão (2004)

Dirigido por: Stephen Chow
Disponível em: Google Play Filmes

O longa-metragem chinês de ação e comédia mistura cenas de luta com gargalhadas e é passado na década de 40. O protagonista da narrativa é Sing, um jovem ladrão que sonha entrar para uma gangue que domina a região. Quando tenta assaltar os moradores de um bairro periférico, ele é surpreendido pelos seus dotes para as artes marciais.

47. Jovens, Loucos e Rebeldes (1993)

Jovens, Loucos e Rebeldes (1993)

Dirigido por: Richard Linklater
Disponível em: Google Play Filmes

A obra dos anos 90 que virou um ícone cult e se tornou uma influência no cinema internacional é passada no ano de 1976. No último dia de aulas do ensino médio, um grupo de adolescentes embarca em uma aventura cheia de festa, confusão e decisões questionáveis.

48. As Branquelas (2004)

As Branquelas (2004)

Dirigido por: Keenen Ivory Wayans
Disponível em: TeleCine Play

Kevin e Marcus Copeland são dois irmãos afro-americanos que trabalham como agentes do FBI. Quando recebem a missão de proteger duas socialites de um futuro ataque, eles decidem assumir a identidade das garotas e viver a rotina delas disfarçados.

49. Os Irmãos Cara de Pau (1980)

Os Irmãos Cara de Pau (1980)

Dirigido por: John Landis
Disponível em: Google Play Filmes

A comédia musical conta a história de Jake e Elwood, que se reencontram depois de um deles sair da prisão. Quando visitam o orfanato onde cresceram, descobrem que o local está prestes a ser encerrado por falta de fundos. Forçados a ganhar dinheiro honestamente para ajudar a instituição, eles decidem formar uma banda.

50. Atração Mortal (1988)

Atração Mortal (1988)

Dirigido por: Michael Lehmann

Em um típico cenário de colégio norte-americano, as Heathers são um grupo de adolescentes pedantes, bonitas e poderosas que dominam o local. Quando começa a namorar Jason, um jovem rebelde, Veronica fica com raiva das antigas amigas e começa a planejar uma forma de derrubar o grupo.

51. Isto é Spinal Tap (1984)

Isto é Spinal Tap (1984)

Dirigido por: Rob Reiner

O longa-metragem inglês é um falso documentário que acompanha uma banda de rock fictícia chamada Spinal Tap. Marty DiBergi é um diretor de cinema e grande fã da banda que resolve viajar com eles durante a sua turnê, mas acaba descobrindo o lado sombrio da fama.

52. As Patricinhas de Beverly Hills (1995)

As Meninas de Beverly Hills (1995)

Dirigido por: Amy Heckerling
Disponível em: Google Play Filmes

Cher é uma adolescente brilhante e privilegiada que tenta chamar a atenção do pai, um advogado viciado em trabalho. Quando percebe que está vivendo de um modo superficial e alienado, ela decide ajudar que está em volta e acaba se metendo na vida de todo mundo.

Confira algumas obras que entram em domínio público em 2020

Fim dos direitos autorais depende da legislação de cada país

Por Júlio Black

14/01/2020 às 17h23- Atualizada 16/09/2020 às 10h33

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Artista plástico uruguaio Joaquín Torres-García passou a ter sua obra em domínio público desde o último dia 1º (Foto: Júlio Black)

O dia 1º de janeiro é significativo por muitos motivos. Além de ser o Dia da Paz Mundial, marca o início de um novo ano, pessoas de ressaca, enfrentando estradas lotadas para retornar a seus lares, a preguiça de ter que trabalhar no dia seguinte, e também as primeiras resoluções de ano novo que (já) foram para o espaço. Ah, costuma ter algum churrasco também, ou o mexidão com as sobras da ceia.

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Mas tem mais. É também no primeiro dia do ano que milhares de obras, sejam elas de música, literatura, teatro, cinema, artes plásticas etc entram em domínio público. Conhecida desde o início do século como Dia do Domínio Público, a data marca o momento em que obras de artistas do mundo inteiro mortos há décadas podem ser publicadas, gravadas, reproduzidas, executadas, encenadas sem necessidade de autorização, e também adaptadas, remixadas, utilizadas para criar novas histórias. E tudo sem a necessidade de pagar direitos autorais aos herdeiros do criador original.

Vale lembrar, entretanto, que obras entram em domínio público a partir de determinadas regras, não é um vale-tudo. Para começar, há o acordo assinado na Suíça no século XIX, mais especificamente em 1886, que estipulou um prazo para que a obra de um artista entrasse em domínio público: o primeiro dia do ano seguinte aos 70 anos da morte do criador.

Porém, o mundo é grande, as pessoas são diferentes, o capitalismo é real, daí que a “regra dos 70 anos” não é uma obrigação. Há países cujo prazo é de apenas 50 anos, grande parte respeita os 70 anos, alguns esticam até os 80 – e temos os Estados Unidos, claro, que tinham que ser um caso à parte. Vale lembrar, porém, que cada país pode também determinar regras particulares – no caso do Brasil, se não houver herdeiros, a obra entra em domínio público imediatamente após a morte do artista.

Com tantas regras e diretrizes diferentes, todo novo ano oferece um festival de obras que podem estar liberadas em um país, protegidas em outro, total ou parcialmente, e aí o que pode aqui não pode lá. É assim mesmo. Para 2020, dependendo do chão onde se pisa, entraram em domínio público no dia de 1º de janeiro criações de nomes como Richard Strauss, Paulo da Portela, Walter Gropious, Lead Belly, Joaquín Torres-García, Theodor Adorno (sim, o principal “compositor” dos Beatles), Thomas Mann, Edgar Rice Burroughs e Buster Keaton, entre muitos e muitos outros.

Morto em 1969, escritor norte-americano Jack Kerouac pode ter sua obra adaptada ou vendida sem cobranças de direitos autorais em países onde o limite é de 50 anos

O ‘Clube dos 50’

A lista de países que colocam o limite de 50 anos após a morte do artista para sua obra entrar em domínio público não é das maiores. Ela conta com países como Uruguai, Canadá, Bolívia e Nova Zelândia, além de parte considerável do continente africano, onde os direitos autorais das personalidades que morreram em 1969 caducaram desde o último dia 1º.

Entre alguns nomes mais conhecidos estão os dos alemães Walter Gropious, um dos fundadores da Escola Bauhaus; Theodor Adorno, filósofo, sociólogo e um dos maiores nomes dos estudos de comunicação do século passado (e que NÃO foi o quinto Beatle); o artista plástico Otto Dix; e Karl Freund, diretor de fotografia de “Metropolis”. Da Inglaterra, há o escritor e teórico político Leonard Woolf, que foi marido da também escritora Virginia Woolf, e John Wyndham, conhecido por livros como “The Midwich Cuckoos”, adaptado duas vezes para o cinema como “A vila dos condenados”.

Dentre os artistas nascidos nos Estados Unidos e mortos em 1969, o principal nome é o do escritor Jack Kerouac, um dos ícones do movimento beat. Nestes países, livros como “On the road” entraram em domínio público, podendo ser vendidos em seus territórios sem cobrança de direitos autorais; adaptações para outras mídias igualmente estão liberadas, entre outras formas de recriação. Também integram a lista outro escritor e poeta, o polêmico Max Eastman, e o ex-presidente Dwight Eisenhower, que antes foi um dos mais destacados generais dos Aliados durante a II Guerra Mundial.

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O ‘Clube dos 70’

Entre os países que seguem o que foi acordado no século XIX encontram-se a maior parte da Europa e o Brasil, entre outros. Dessa forma, entraram em domínio público os trabalhos de diversas personalidades que morreram em 1949. O “Clube dos 70” – ou, se preferir, a “Classe de 2020” – tem como principal nome o do compositor alemão Richard Strauss. Considerado um dos grandes nomes do Romantismo alemão tardio, ao lado de Gustav Mahler, foi autor de óperas e poemas sinfônicos como “Assim falou Zaratustra”.

Autor de clássicos como “Where did you sleep last night”, Lead Belly tem suas composições liberadas em países onde os direitos autorais caducam 70 após a morte do artista

Foi também em 1949 que morreu o pintor, desenhista, escultor, escritor e professor uruguaio Joaquín Torres-García, um dos mais reconhecidos artistas do país e que tem um museu dedicado a sua obra em Montevidéu. Também vale lembrar a escritora e sufragista norte-americana Margaret Mitchell, autora do clássico “…E o vento levou”. Do Brasil, o nome mais celebrado é o do compositor Paulo da Portela, um dos fundadores da escola de samba Portela. Artistas como Paulinho da Viola e Monarco regravaram algumas de suas composições mais conhecidas, entre elas “Guanabara (Cidade-mulher)” e “Quitandeiro”.

Outros nomes de destaque são os da escritora e militante feminista americana Helen Churchill Candee; o escritor japonês Unno Juzo (pseudônimo de Sanu Shoichi), um dos grandes nomes da ficção científica em seu país; o cantor e compositor norte-americano Lead Belly, autor de músicas como “Where did you sleep last night” – que foi regravada pelo Nirvana no Acústico para a MTV -, “Goodbye, Irene” e “Cotton field”; a escritora norueguesa Sigrid Undset, Prêmio Nobel de Literatura em 1928; a poeta e ativista política indiana Sarojini Naidu, um dos nomes mais importantes da independência da Índia; e Klaus Mann, filho do também escritor Thomas Mann e conhecido pelo romance “Mephisto”.

O ‘Clube dos Estados Unidos’

Por fim, temos os Estados Unidos e sua mais que peculiar forma de lidar com direito autoral e domínio público. Nunca é demais lembrar que o país ficou nada menos que duas décadas sem autores e obras entrando em domínio público: em 1998, o Congresso americano cedeu à pressão de empresas preocupadas em perder os direitos sobre personagens milionários e bilionários e aprovou o que ficou conhecida como a “Lei de proteção ao Mickey Mouse”.

Lançado no distante ano de 1924, versão de “O ladrão de Bagdá” estrelada por Douglas Fairbanks entrou em domínio público nos Estados Unidos

A partir de então, os direitos de copyright cessariam apenas 95 anos depois da criação da obra, o que fez com que o país tivesse trabalhos entrando em domínio público somente em 2019. Essa proteção, na verdade, serve apenas para que corporações de entretenimento em geral tenham para si, por mais tempo, os direitos sobre personagens como o próprio Mickey Mouse, Batman, Capitão América, e filmes como “E.T. – O extraterrestre”. O mesmo Congresso americano que aprovou a legislação já apontou em uma pesquisa que apenas 2% das obras com mais de 55 anos possuem algum valor comercial. Ou seja: o pouco que rende muito impossibilita o acesso irrestrito ao muito que rende pouco, mas que ainda pode ter valor.

Polêmicas e divergências à parte, o caso é que os Estados passaram a ter desde o último dia 1º uma série de livros, filmes, peças teatrais e músicas, entre outras formas de expressão artística, em domínio público. Fazem parte do rol os livros “Passagem para a Índia”, de E. M. Forster; “A montanha mágica”, de Thomas Mann; “Billy Budd”, obra póstuma de Herman Melville; “A autobiografia de Mark Twain”; “Literatura e revolução, de Leon Trotsky; “Poirot investiga” e “O homem do terno marrom”, de Agatha Christie; e “Nós”, de Yevgeny Zamyatin.

No cinema, entraram em domínio público produções estreladas por Buster Keaton e Harold Loyd em 1924; as primeiras aparições de Clark Gable na tela grande; filmes do diretor D. W. Griffith; curtas estrelados pela dupla “O Gordo e o Magro”, Stan Laurel e Oliver Hardy; a versão de “O ladrão de Bagdá” estrelada por Douglas Fairbanks; e a primeira adaptação cinematográfica de “Peter Pan”.

A música também tem destaques com vários clássicos, como a composição “Rhapsody in Blue”, de George Gershwin; “Fascinating Rhythm” e “Oh, Lady be good”, parcerias de George com Ira Gershwin; “Lazy” e “What’ll I do”, de Irving Berlin; e “Santa Claus Blues”, de Charley Straight e Gus Kahn, gravada por Louis Armstrong. Por fim, também estão na lista obras de arte de personalidades como Wassily Kandinsky, Edward Hopper, Joan Miró, Paul Klee, Diego Rivera, Man Ray e Otto Dix, entra tantos outros.






 CULTURA GENIAL

  1. Poesia  

7 poemas sensacionais de Ariano Suassuna

 

Rebeca Fuks

Rebeca Fuks

Doutora em Estudos da Cultura

Ariano Suassuna (1927- 2014) é um gênio da literatura que deixou a sua contribuição em formato de poesia, romance, ensaio e peça de teatro.

Denso, complexo e hermético, escolher enfrentar os versos do escritor nordestino é um desafio para leitores corajosos.

Conheça agora sete dos seus poemas imperdíveis e confira uma análise da sua poética.

1. A infância

Sem lei nem Rei, me vi arremessado
bem menino a um Planalto pedregoso.
Cambaleando, cego, ao Sol do Acaso,
vi o mundo rugir. Tigre maldoso.

O cantar do Sertão, Rifle apontado,
vinha malhar seu Corpo furioso.
Era o Canto demente, sufocado,
rugido nos Caminhos sem repouso.

E veio o Sonho: e foi despedaçado!
E veio o Sangue: o marco iluminado,
a luta extraviada e a minha grei!

Tudo apontava o Sol! Fiquei embaixo,
na Cadeia que estive e em que me acho,
a Sonhar e a cantar, sem lei nem Rei!

2. Nascimento - O exílio

Aqui, o Corvo azul da Suspeição
Apodrece nas Frutas violetas,
E a Febre escusa, a Rosa da infecção,
Canta aos Tigres de verde e malhas pretas.

Lá, no pelo de cobre do Alazão,
O Bilro de ouro fia a Lã vermelha.
Um Pio de metal é o Gavião
E suave é o focinho das Ovelhas.

Aqui, o Lodo mancha o Gato Pardo:
A Lua esverdeada sai do Mangue
E apodrece, no medo, o Desbarato.

Lá, é fogo e limalha a Estrela esparsa:
O Sol da morte luz no sol do Sangue,
Mas cresce a Solidão e sonha a Garça.

3. A morte - O sol do terrível

Mas eu enfrentarei o Sol divino,
o Olhar sagrado em que a Pantera arde.
Saberei porque a teia do Destino
não houve quem cortasse ou desatasse.

Não serei orgulhoso nem covarde,
que o sangue se rebela ao som do Sino.
Verei o Jaguapardo e a luz da Tarde,
Pedra do Sonho e cetro do Divino.

Ela virá - Mulher - aflando as asas,
com o mosto da Romã, o sono, a Casa,
e há de sagrar-me a vista o Gavião.

Mas sei, também, que só assim verei
a coroa da Chama e Deus, meu Rei,
assentado em seu trono do Sertão.

3. A mulher e o reino

Com tema do Barroco brasileiro

Ó! Romã do pomar, relva esmeralda
olhos de ouro e azul, minha Alazã!
Ária em forma de Sol, fruto de prata
meu chão, meu anel, Céu da manhã!

Ó meu sono, meu sangue, dom, coragem,
Água das pedras, rosa e belvedere!
Meu candeeiro aceso da Miragem,
Meu mito e meu poder - minha Mulher!

Diz-se que tudo passa e o Tempo duro
tudo esfarela: o Sangue há de morrer!
Mas quando a luz me diz que esse Ouro puro

se acaba por finar e corromper,
Meu sangue ferve contra a vão Razão
E pulsa seu amor na escuridão!

4. Aqui morava um rei

Aqui morava um rei quando eu menino
Vestia ouro e castanho no gibão,
Pedra da Sorte sobre meu Destino,
Pulsava junto ao meu, seu coração.

Para mim, o seu cantar era Divino,
Quando ao som da viola e do bordão,
Cantava com voz rouca, o Desatino,
O Sangue, o riso e as mortes do Sertão.

Mas mataram meu pai. Desde esse dia
Eu me vi, como cego sem meu guia
Que se foi para o Sol, transfigurado.

Sua efígie me queima. Eu sou a presa.
Ele, a brasa que impele ao Fogo acesa
Espada de Ouro em pasto ensanguentado.

5. O mundo do sertão

Diante de mim, as malhas amarelas
do mundo, Onça castanha e destemida.
No campo rubro, a Asma azul da vida
à cruz do Azul, o Mal se desmantela.

Mas a Prata sem sol destas moedas
perturba a Cruz e as Rosas mal perdidas;
e a Marca negra esquerda inesquecida
corta a Prata das folhas e fivelas.

E enquanto o Fogo clama a Pedra rija,
que até o fim, serei desnorteado,
que até no Pardo o cego desespera,

o Cavalo castanho, na cornija,
tenha alçar-se, nas asas, ao Sagrado,
ladrando entre as Esfinges e a Pantera.

6. A estrada

No relógio do Céu, o Sol ponteiro
Sangra a Cabra no estranho céu chumboso.
A Pedra lasca o Mundo impiedoso,
A chama da Espingarda fere o Aceiro.

No carrascal do sol, azul braseiro,
Refulge o Girassol rubro e fogoso.
Como morrer na sombra do meu Pouso?
Como enfrentar as flechas desse Arqueiro?

Lá fora, o incêndio: o roxo lampadário
das Macambiras rubras e auri-pardos
Anjos-diabos e Tronos-vai queimando.

Sopra o vento – o Sertão incendiário!
Andam monstros sombrios pela Estrada
e, pela Estrada, entre esses Monstros, ando!

7. Lápide

Quando eu morrer, não soltem meu Cavalo
nas pedras do meu Pasto incendiado:
fustiguem-lhe seu Dorso alardeado,
com a Espora de ouro, até matá-lo.

Um dos meus filhos deve cavalgá-lo
numa Sela de couro esverdeado,
que arraste pelo Chão pedroso e pardo
chapas de Cobre, sinos e badalos.

Assim, com o Raio e o cobre percutido,
tropel de cascos, sangue do Castanho,
talvez se finja o som de Ouro fundido

que, em vão – Sangue insensato e vagabundo —
tentei forjar, no meu Cantar estranho,
à tez da minha Fera e ao Sol do Mundo!

Análise da poesia de Ariano Suassuna

Conteúdo

A poética do escritor é repleta de simbologias e bebe muito na tradição popular brasileira, sobretudo nordestina (convém lembrar que a infância de Ariano Suassuna foi integralmente passada no interior da Paraíba).

Toda baseada na tradição oral, a lírica se debruça sobre as cenas impregnadas na memória e mistura intencionalmente o real e o imaginário.

Os temas fundamentais da lírica de Suassuna são o exílio, o pai, a origem e o reino.

Assistimos também um interessante cruzamento entre referências populares e eruditas. Ariano encontra-se, sem sombra de dúvidas, no universo erudito (lembre-se que durante décadas o autor foi professor de estética de uma universidade renomada) ao mesmo tempo em que procura se alimentar de elementos populares.

Há nos seus versos muito presente traços do repente nordestino e afeto pelo sertão, lugar de origem do poeta. Não por acaso grande parte da poesia de Ariano é biográfica, marcada pelo percurso de vida do poeta.

O eu-lírico procura ver o lado luminoso do interior árido; ele dá menos enfase à seca, à esterilidade, à dureza, e sublinha mais o afeto, a comunhão, as particularidades solares dessa região do Brasil.

Forma

Marcada por carregar elementos do barroco, a lírica de Ariano é composta por uma escrita complexa, hermética. O vocabulário simples é combinado de uma maneira inesperada, nada usual.

Trata-se de uma poesia que não parece encerrada, antes pelo contrário, está sempre em movimento, em processo. Um dado interessante que comprova esse fato são os registros de Ariano Suassuna, papéis com inúmeras versões que atestam a permanente reescrita de algumas composições.

Em termos de formato, a sua poética apresenta preferência pela forma fixa (o soneto ou a ode).

Saiba quem foi Ariano Suassuna (1927- 2014)

Ariano Vilar Suassuna, conhecido pelo grande pública apenas pelo primeiro e último nome, nasceu em Nossa Senhora das Neves, na Paraíba, no dia 16 de junho de 1927.

Filho do governador do seu Estado, cresceu no sertão da Paraíba ao lado dos seus oito irmãos. A vivência no interior do nordeste influenciou profundamente a sua produção literária.

Retrato de Ariano SuassunaRetrato de Ariano Suassuna

Formado em Direito, Suassuna começou a escrever em 1945 quando publicou o poema Noturno no Jornal do Comércio - na ocasião tinha dezoito anos. A sua primeira peça de teatro, Uma Mulher Vestida de Sol, foi escrita dois anos mais tarde.

Ariano tornou-se também professor de Estética da Universidade Federal de Pernambuco. O escritor seguiu produzindo de modo voraz ao longo das décadas.

Seus trabalhos mais conhecidos são provavelmente Auto da Compadecida (peça de teatro) e Romance d’A Pedra do Reino.

Em 1990 o escritor ingressou na Academia Brasileira de Letras (ABL) tendo assumido a cadeira número 32.

Ariano Suassuna foi casado com Zélia de Andrade Lima e teve cinco filhos.

O escritor faleceu no dia 23 de julho de 2014 no Recife.

Quer saber mais sobre o autor? Então não perca a leitura do artigo Ariano Suassuna: vida e obra.

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Bráulio Bessa e seus 7 melhores poemas

 

Rebeca Fuks

Rebeca Fuks

Doutora em Estudos da Cultura

Bráulio Bessa se define como um "fazedor de poesia". Poeta, criador de cordel, recitador e palestrante, os versos do artista cearense saíram do nordeste para caírem nas graças do Brasil.

Conheça agora alguns dos seus mais famosos poemas seguidos de uma breve análise.

Recomece (trecho)

Quando a vida bater forte
e sua alma sangrar,
quando esse mundo pesado
lhe ferir, lhe esmagar...
É hora do recomeço.
Recomece a LUTAR.

Quando tudo for escuro
e nada iluminar,
quando tudo for incerto
e você só duvidar...
É hora do recomeço.
Recomece a ACREDITAR.

Quando a estrada for longa
e seu corpo fraquejar,
quando não houver caminho
nem um lugar pra chegar...
É hora do recomeço.
Recomece a CAMINHAR.

Recomece provavelmente é o poema mais conhecido de Bráulio Bessa. Ao contrário do que se imagina - que os versos surgiram de modo espontâneo a partir de uma experiência autobiográfica - aqui a composição teve uma história completamente diferente.

Os versos foram escritos tendo como inspiração uma menina chamada Laura Beatriz que, em 2010, aos oito anos de idade, perdeu toda a família no deslizamento de terra do morro do Bumba, em Niterói.

Sabendo o poeta que se encontraria com a menina em um programa de televisão, quis compor versos para homenageá-la e honrar a sua história. Assim nasceu Recomece, um poema que fala de esperança, de fé, de energia para voltar a tentar outra vez apesar das situações adversas.

No decorrer do longo poema somos apresentados à ideia de que todo dia é dia de recomeçar, não importa a dimensão do seu problema.

A corrida da vida (trecho)

Na corrida dessa vida
é preciso entender
que você vai rastejar,
que vai cair, vai sofrer
e a vida vai lhe ensinar
que se aprende a caminhar
e só depois a correr.

A vida é uma corrida
que não se corre sozinho.
E vencer não é chegar,
é aproveitar o caminho
sentindo o cheiro das flores
e aprendendo com as dores
causadas por cada espinho.

Aprenda com cada dor,
com cada decepção,
com cada vez que alguém
lhe partir o coração.
O futuro é obscuro
e às vezes é no escuro
que se enxerga a direção.

Com uma linguagem informal e um tom de oralidade, o eu-lírico de A corrida da vida faz criar com o leitor uma relação de proximidade e intimidade.

Aqui o sujeito poético disserta sobre o seu percurso individual e sobre a maneira como encarou os percalços ao longo do caminho.

Apesar de falar de um caminho específico, o poema toca os leitores porque fala das dificuldade encaradas por todos nós em algum momento. A corrida da vida é um poema sobretudo sobre as fases da vida.

Além de sublinhar as dores e impedimentos, o personagem lírico mostra como deu a volta nas situações e conseguiu superar os seus problemas.

Sonhar (trecho)

Sonhar é verbo, é seguir,
é pensar, é inspirar,
é fazer força, insistir,
é lutar, é transpirar.
São mil verbos que vêm antes
do verbo realizar.
Sonhar é ser sempre meio,
é ser meio indeciso,
meio chato, meio bobo,
é ser meio improviso,
meio certo, meio errado,
é ter só meio juízo.
Sonhar é ser meio doido
é ser meio trapaceiro,
trapaceando o real
pra ser meio verdadeiro.
Na vida, bom é ser meio,
não tem graça ser inteiro.
O inteiro é o completo,
não carece acrescentar,
é sem graça, é insosso,
é não ter por que lutar.
Quem é meio é quase inteiro
e o quase nos faz sonhar.

O extenso poema Sonhar fala sobre uma experiência vivida por todos nós em algum momento da vida. O eu-lírico trata tanto de um sonhar dormindo como de um sonhar acordado, aqui o verbo ganha também o sentido de desejar, aspirar.

Esse cordel de Bráulio se debruça sobre a definição do que seria sonhar e também sobre todos os outros verbos que estão associados a ele.

Os versos nos fazem igualmente refletir sobre aquilo que sonhamos: será que os nossos sonhos são aquilo que de melhor podem acontecer conosco?

Fome (trecho)

Eu procurei entender
qual a receita da fome,
quais são seus ingredientes,
a origem do seu nome.
Entender também por que
falta tanto o “de comê”,
se todo mundo é igual,
chega a dar um calafrio
saber que o prato vazio
é o prato principal.
Do que é que a fome é feita
se não tem gosto nem cor
não cheira nem fede a nada
e o nada é seu sabor.
Qual o endereço dela,
se ela tá lá na favela
ou nas brenhas do sertão?
É companheira da morte
mesmo assim não é mais forte
que um pedaço de pão.
Que rainha estranha é essa
que só reina na miséria,
que entra em milhões de lares
sem sorrir, com a cara séria,
que provoca dor e medo
e sem encostar um dedo
causa em nós tantas feridas.

No poema Fome, Bráulio trata de um mal que assola especialmente o nordeste brasileiro há gerações.

O eu-lírico tenta, através dos seus versos, compreender a questão da desigualdade social e o porque da fome - tão dolorosa - atingir alguns e não atingir outros.

Ao longo do poema lemos uma mistura de tentativa de definição do que é fome com um desejo de exterminá-la do mapa, oferecendo finalmente liberdade aqueles que sofrem com ela.

A solução encontrada pelo eu-lírico, ao final do poema, é "juntar todo o dinheiro dessa tal corrupção, mata a fome em todo canto e ainda sobra outro tanto pra saúde e educação".

Prefiro a simplicidade (trecho)

Carne-seca e macaxeira
um cozido de capote
água fria lá no pote
melhor que da geladeira.
No terreiro a poeira
se espalha na imensidão
de paz e de comunhão
que não se vê na cidade.
Prefiro a simplicidade
das coisas lá do Sertão.
Bodegas pra se comprar
é o nosso supermercado
que ainda vende fiado
pois dá pra se confiar.
Um caderno pra anotar
não carece de cartão
pois às vezes falta pão
mas não falta honestidade.
Prefiro a simplicidade
das coisas lá do Sertão.

Em Prefiro a simplicidade o narrador elenca as pequenezas da vida que provocam um enorme prazer: uma comida boa, água fresca, as pequenas alegrias do sertão - sua terra natal.

Os versos nos relembram de que a felicidade pode ser encontrada nas pequenas coisas e que não é preciso de grandes acontecimentos para sermos gratos à vida e ao nosso destino.

O eu-lírico dá exemplos ligeiros do funcionamento do cotidiano no interior do nordeste: as bodegas ao invés dos hipermercados, a venda a fiado, as anotações das compras no simples caderno. Prefiro a simplicidade faz um elogio a esse estilo de vida sertanejo ao mesmo tempo tão carente e tão rico.

Redes sociais (trecho)

Lá nas redes sociais
o mundo é bem diferente,
dá pra ter milhões de amigos
e mesmo assim ser carente.
Tem like, a tal curtida,
tem todo tipo de vida
pra todo tipo de gente.

Tem gente que é tão feliz
que a vontade é de excluir
Tem gente que você segue
mas nunca vai lhe seguir,
Tem gente que nem disfarça,
diz que a vida só tem graça
com mais gente pra assistir.

O cordel acima trata de um fenômeno bastante contemporâneo: o uso das redes sociais e o impacto delas na nossa vida.

Por tratar de temas tão corriqueiros, Bráulio não poderia deixar de lado esse que é um aspecto importante também da nossa identidade: como nos apresentamos em público, como queremos ser vistos, com quem interagimos e que tipo de reação esperamos dessas pessoas.

Na web nos tornamos voyers da vida alheia e permitimos que os outros participem, de certa forma, da nossa vida.

O eu-lírico fala em Redes sociais de uma forma muito simples de sentimentos que nos atravessam inúmeras vezes quando estamos no mundo virtual: a inveja, o ciúme, a carência - por esses motivos facilmente nos identificamos com os versos.

I love you bem lovado! (trecho)

Todo dia ela passava
desfilando em nossa rua
formosa que só a lua
que de noite alumiava.
Porém nunca reparava
que eu ficava agoniado
beirando ser infartado
e morrer pela titela
só por não dizer a ela:
I love you bem lovado!

Um dia meus zói zoiaram
o jeitim dela andando
os cabelim balançando
meus frivior friviaram.
Mil cupidos me flecharam
me deixando apaixonado,
babando, besta e lesado,
segurando na mão dela.
Nesse dia eu disse a ela:
I love you bem lovado!

Um exemplar de poema de amor de Bráulio Bessa é I love you bem lovado! , feito inspirado em Camila, a esposa do autor. Os dois se conheceram ainda crianças e partilharam uma infância juntos, com todas as dificuldades que viver no sertão cearense implicava.

O poema acima fala do encontro entre os dois: do primeiro momento em que só o eu-lírico parece reparar na moça e num segundo instante em que ela retribui o afeto e os dois se apaixonam.

O amor aqui aparece como uma mistura de sentimentos: o desejo carnal, a amizade, o carinho, o companheirismo, a gratidão.

O casal permanece junto e a jovem logo aceita o pedido de casamento - apesar de todas as limitações financeiras daquele momento. Os dias vão passando, partilhados em uma casa alugada, os anos se sucedem e os dois continuam unidos por esse amor puro e sólido.

Quem é Bráulio Bessa

Nascido no interior do Ceará - mais precisamente em Alto Santo - Bráulio Bessa começou a escrever poesia aos 14 anos.

Bráulio BessaRetrato de Bráulio Bessa

Para se definir o autor comentou em entrevista:

Meu sonho é transformar a vida das pessoas através da poesia. Para isso, tenho que escrever sobre tudo.

Fama

Em 2011, Bráulio criou uma página no facebook (chamada Nação Nordestina) que chegou a alcançar mais de um milhão de seguidores. Também nunca deixou de escrever poesia popular nordestina, o cordel.

A produção do programa Encontro com Fátima Bernardes procurou o poeta no final de 2014 depois de um vídeo declamando o poema Nordeste independente viralizar.

Sua primeira participação no programa foi de casa, através do facetime. Durante essa rápida janela de oportunidade Bráulio falou breves minutos sobre o preconceito vivido pelos nordestinos.

Depois de dez dias foi convidado para participar pessoalmente no programa onde ganhou maior visibilidade.

Essa primeira visita rendeu novos convites que projetaram Bráulio para o Brasil afora.

Poesia com rapadura

A participação de Bráulio no Encontro com a Fátima Bernardes se tornou regular e em 8 de outubro de 2015, Dia do Nordestino, lançou o quadro Poesia com rapadura, onde declamava de pé, em cima de um pedestal.

O primeiro poema declamado foi Orgulho de ser nordestino e o quadro passou a ser semanal.

Recorde de visualizações

Em 2017 os vídeos de Bráulio foram recordistas de visualizações na plataforma do canal - foram mais de 140 milhões de visualizações no ano.

Livros publicados

Bráulio Bessa tem até o momento quatro livros publicados, são eles:

  • Poesia com rapadura (2017)
  • Poesia que transforma (2018)
  • Recomece (2018)
  • Um carinho na alma (2019)

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10 obras para conhecer a literatura de cordel

 

Rebeca Fuks

Rebeca Fuks

Doutora em Estudos da Cultura

A literatura de cordel é parte importante de uma rica cultura do nordeste brasileiro.

No cordel os poetas contam uma história em formato de poesia, usando rimas. Muitos cordéis são declamados e ilustrados.

O nome cordel vem do fato de, na origem desse tipo de literatura, os vendedores pendurarem os livros e folhetos em uma corda para venderem nas feiras livres.

1. Saudação ao Juazeiro do Norte, de Patativa do Assaré

Saudação ao Juazeiro do Norte

Em Saudação ao Juazeiro do Norte, Patativa do Assaré faz um elogio da cidade nordestina e conta muito da vida de Padre Cícero Romão, um personagem importante para a região.

Assim como em outros trabalhos seus, reparamos como os poemas são uma espécie de música, com versos muito marcados pelas rimas. Há quem diga que Patativa não escrevia, cantava, de tão marcado pela musicalidade que era o seu texto.

Ao longo da obra Saudação ao Juazeiro do Norte, Patativa fala não só sobre a cidade de Juazeiro, mas sobre a importância da fé para as pessoas da terra.

Logo que começa a descrever a cidade, o poeta lembra de Padre Cícero.

Mesmo sem eu ter estudo
sem ter do colégio o bafejo,
Juazeiro, eu te saúdo
com o meu verso sertanejo
Cidade de grande sorte,
de Juazeiro do Norte
tens a denominação,
mas teu nome verdadeiro
será sempre Juazeiro
do Padre Cícero Romão.

Juazeiro e Padre Cícero aparecem, então, sempre juntos no poema, como se um não existisse sem o outro. Patativa do Assaré (1909-2002) é um dos autores mais importantes no universo do cordel e conta nos seus versos muito da realidade do sertanejo e do trabalho com a terra.

O pseudônimo Patativa faz referência a um pássaro sertanejo nordestino que tem um canto bonito e Assaré é uma homenagem a vila mais próxima do lugar onde nasceu.

O rapaz, de origem humilde, veio ao mundo no interior do Ceará e era filho de agricultores pobres. Ainda jovem, recebeu pouca educação formal, tendo sido apenas alfabetizado.

Ainda assim, desde cedo, começou a escrever versos enquanto também trabalhava no campo. Segundo o próprio Patativa:

Eu sou um caboclo roceiro que, como poeta, canto sempre a vida do povo

Se deseja saber mais sobre o escritor conheça o artigo Patativa do Assaré: poemas analisados.

2. A mulher que deu tabaco na presença do marido, de Gonçalo Ferreira da Silva

A mulher que deu tabaco na presença do marido

A história contada por Gonçalo Ferreira da Silva (1937) tem muito humor e nos apresenta Dona Juca como personagem principal da história.

Com o dom de curar as pessoas, ela usava o próprio tabaco para resolver qualquer tipo de problema de saúde: perna ferida, gripe, todo tipo de mal do corpo.

Dona Juca era dotada
De perfumado sovaco,
E quem ferisse uma perna
Numa queda ou num buraco
Ela curava a ferida
Com o seu próprio tabaco.

O marido de Dona Juca, o seu Mororó, não gostava muito da virtude da mulher porque ela reunia cada vez mais gente ao seu redor. A fama da curandeira vai aumentando dia após dia e o reconhecimento traz novos doentes para fazerem o tal tratamento milagroso.

O cordel gira todo em volta do universo das crendices e do romance. Muito divertido, os versos terminam de uma forma inesperada.

Gonçalo Ferreira da Silva (1937) é um importante cordelista que nasceu no Ceará, na cidade de Ipu, e publicou a sua primeira obra em 1963 (o livro Um resto de razão). A partir de então começou a escrever cordéis e a fazer pesquisa sobre cultura popular passando a frequentar a Feira de São Cristóvão, um conhecido local de cordelistas no Rio de Janeiro.

3. Poesia com rapadura, de Bráulio Bessa

Poesia com rapadura

Representante da nova geração do cordel, o jovem Bráulio Bessa (1985) traz em Poesia com rapadura uma série de versos sobre o cotidiano além de lições de vida.

Ao contrário de outras obras do universo do cordel que contam uma única história com princípio, meio e fim, o livro de Bráulio Bessa traz vários poemas muito diferentes, mas todos escritos com uma linguagem do dia a dia e tentando transmitir um ensinamento ao leitor.

Ah, se um dia os governantes
prestassem mais atenção
nos verdadeiros heróis
que constroem a nação;
ah, se fizesse justiça
sem corpo mole ou preguiça
lhe dando o real valor.
eu daria um grande grito:
tenho fé e acredito
na força do professor.

No poema Aos mestres, Bráulio faz um elogio aos professores e fala da necessidade dos governantes valorizarem o trabalho daqueles que se dedicam ao ensino. Muitos dos seus cordéis, assim como Aos mestres, são também críticas sociais.

Bráulio teve um papel importante na divulgação do cordel para além do nordeste. Depois de ter sido convidado para participar do programa matinal de Fátima Bernardes, o poeta passou a ter um quadro fixo onde recitava alguns dos seus cordéis mais famosos. Dessa forma, Bráulio ajudou a popularizar a cultura do cordel, até então menos conhecida entre os brasileiros que viviam fora do nordeste.

É fã do poeta? Então aproveite para conhecer o artigo Bráulio Bessa e seus melhores poemas.

4. História da rainha Ester, de Arievaldo Viana Lima

Historia da rainha Ester

O cordel do poeta popular Arievaldo conta o longo percurso de Ester, uma personagem bíblica importante para os judeus, que era órfã e considerada a mulher mais bela do seu povo.

Supremo Ser Incriado
Santo Deus Onipotente
Manda teus raios de luz
Ilumina a minha mente
Para transformar em versos
Uma história comovente

Falo da vida de Ester
Que na Bíblia está descrita
Era uma judia virtuosa
E extremamente bonita.

Ester vira rainha, e o cordel de Arievaldo conta desde os primeiros dias de vida da moça até os dilemas que ela precisa enfrentar para proteger o seu povo.

O autor faz uma releitura da história contada na bíblia e transforma o percurso de Ester num texto poético, cheio de rimas e detalhes ricos.

Arievaldo Viana Lima (1967-2020) usa os versos rápidos e rimados para contar mesmo o que aconteceu com Ester e com o seu povo naquele momento da história.

O poeta, que foi também ilustrador, publicitário e radialista, nasceu no Ceará e produziu uma série de cordéis ajudando a divulgar a cultura nordestina pelo país.

5. As aventuras do amarelo João Cinzeiro papa onça, de Francisco Sales Areda

As aventuras do amarelo João Cinzeiro papa onça

O personagem principal desse cordel é João de Abreu, um amarelo pançudo da praia de Goiana. Ele sofria com a miséria ao lado da mulher, Joana, que o batia. Um belo dia João resolve se revoltar contra a sua situação e se reinventa como um homem bravo e valente capaz de caçar onça.

A história de João de Abreu é marcada pela fé do nordestino, pela perseverança e, ao mesmo tempo, pela forte presença da ideia do destino.

Cada vivente ao nascer
traz seu programa traçado
para o bem ou para o mal
prá ser um rico ou arrasado
prá ser valente ou mofino
já vem tudo preparado

Francisco Sales Areda (1916-2005), que nos conta essa história, nasceu na Paraíba, em Campina Grande. Além de escrever cordel foi também cantador de viola, vendedor de folhetos e fotógrafo de feira (também conhecido como lambe-lambe).

O seu primeiro folheto, chamado O casamento e herança de Chica Pançuda com Bernardo Pelado, foi criado em 1946. Um dos seus folhetos - O homem da vaca e o poder da fortuna - chegou a ser adaptado para o teatro por Ariano Suassuna em 1973.

Além de falar sobre o dia a dia do sertanejo, Francisco Sales Areda também escreveu sobre uma série de eventos políticos em formato de cordel. É o caso do folheto A lamentável morte do presidente Getúlio Vargas.

6. Futebol no Inferno, de José Soares

Futebol no inferno

O paraibano José Francisco Soares (1914-1981) inventou no seu cordel uma partida de futebol imaginária entre personagens perigosos: o time de satanás contra o do cangaceiro Lampião.

O futebol no Inferno
está grande a confusão
vai haver melhor de três
pra ver quem é campeão
o time de satanás
ou o quadro de Lampião

Nos versos vemos uma partida de futebol que se repete todos os domingos, sendo assistida por 2, 3 e 4 mil diabos na arquibancada.

O divertido cordel consegue criar uma situação surreal com cem bolas em campo - bolas de aço maciço - e, ainda assim, parecer uma verdadeira partida de futebol normal, porque usa exemplos do nosso dia a dia que naturalizam o evento.

No cordel se discute, por exemplo, o juiz que deve apitar a partida, o tamanho do campo, a escalação dos times e até a participação do locutor. Há muitos elementos do mundo real misturados com o universo da fantasia.

O primeiro folheto de cordel de José Soares (1914-1981) foi publicado em 1928 (e chama Descrição do Brasil por estados). O paraibano trabalhou como agricultor até se mudar para o Rio de Janeiro, em 1934, onde passou a atuar como pedreiro, embora em paralelo tenha sempre escrito os seus versos.

Quando voltou para a sua terra natal, seis anos mais tarde, abriu uma banca de folhetos no Mercado de São José onde vendia os seus cordéis e os de amigos.

7. Dez cordéis num cordel só, de Antônio Francisco

Dez cordéis num cordel só

Como o próprio título resume, Dez cordéis num cordel só (2001), reúne dez poemas diferentes numa mesma obra. Em comum, as dez criações possuem a forma rimada e têm como tema as questões do dia a dia dos nordestinos.

Seu Zequinha era um galego
Do rosto da cor de brasa,
Morava longe da gente,
No Sítio Cacimba Rasa,
Mas, foi não foi, Seu Zequinha
Passava o dia lá em casa.

Antônio Francisco (1949) fala tanto sobre os problemas que os seus conterrâneos enfrentam no cotidiano como trata de questões mais espirituais. Ele retoma no cordel, por exemplo, a importância da fé para o povo nordestino e fala sobre algumas histórias pontuais da bíblia como a arca de Noé.

Nascido no Rio Grande do Norte, em Mossoró, Antonio Francisco é considerado por muitos como o rei do cordel. O poeta ocupa a cadeira 15 da Academia Brasileira de Literatura de Cordel.

8. Aparição de N.Senhora das Dores e a Santa Cruz do Monte Santo, de Minelvino Francisco Silva

Aparição de N.Senhora das Dores e a Santa Cruz do Monte Santo

O cordel de Minelvino Francisco Silva é um bom exemplo de como esse gênero recebe muita influência da religião católica e como muitos dos cordelistas pedem a benção as entidades superiores quando começam a escrever uma história sagrada:

Nossa Senhora das Dores
Cobre-me com o vosso manto
São João Evangelista
Que na vida escreveu tanto
Inspirai meu pensamento
Para escrever no momento
Sobre a cruz do Monte Santo

No cordel, Minelvino começa pedindo inspiração, e passa a contar histórias fantásticas, de milagres e do poder divino se manifestando na terra. O contador da história parece ao mesmo tempo fascinado e com medo de narrar, por não se sentir à altura do grande feito.

Minelvino (1926-1999) nasceu na Bahia, num povoado chamado Palmeiral, e trabalhou como garimpeiro. Aos 22 anos começou a criar versos e, ao longo da carreira, escreveu sobre os mais variados assuntos: desde poemas de amor, religiosos, dedicados a política ou sobre o cotidiano. O seu primeiro folheto foi escrito em 1949 (chamava A enchente de Miguel Calmon e o desastre do trem de Água Baixa).

Uma curiosidade: o próprio Minelvino comprou uma impressora manual e rodava os seus folhetos. O poeta deixou registrado num cordel “Eu mesmo escrevo a estória / eu mesmo faço o clichê / eu mesmo faço a impressão / eu mesmo vou vender / e canto na praça pública / para todo mundo ver”.

9. A vida de Pedro Cem, de Leandro Gomes de Barros

A vida de Pedro Cem

Em A vida de Pedro Cem lemos a história de vida de um personagem rico contada pelo cordelista paraibano Leandro Gomes de Barros (1865-1918).

O personagem Pedro Cem tinha tudo o que o dinheiro podia comprar - o sobrenome Cem, aliás, é uma referência a quantidade de bens que o rico tinha (cem armazéns, cem alfaiatarias, cem currais, sem casas alugadas, cem padarias, etc).

Pedro Cem era o mais rico
Que nasceu em Portugal
Sua fama enchia o mundo
Seu nome andava em geral
Não casou-se com rainha
Por não ter sangue real

Apesar de ter tido muito dinheiro, Pedro Cem nunca socorreu ninguém ao seu redor, nunca ajudou quem precisava. O destino acaba por se virar contra ele e o milionário perde todo o dinheiro que tinha, ficando na rua da amargura.

Leandro Gomes de Barros fez enorme sucesso com a literatura de cordel no seu tempo. O autor começou a escrever folhetos em 1889 e viajou pelo interior para vender os poemas que imprimia na tipografia. Leandro foi um raro caso de poeta que vivia da própria obra.

10. A alma de uma sogra, de João Martins de Ataíde

A alma de uma sogra

Com muito humor o poeta João Martins de Ataíde (1880-1959) conta a história de um velho que tem a mão lida por uma cigana e confessa que, ao longo da vida, teve cinco sogras, todas terríveis.

Veiu uma d’essas ciganas
que lê a mão da pessôa,
leu a mão d’um velho e disse:
- Vossa mercê anda atôa,
de cinco sogras que teve
não obteve uma bôa.

O velho vai relembrando os eventos e dando detalhes de cada sogra. Ele conta como as mães das suas mulheres infernizaram a sua vida em todos os casamentos que teve. Em alguns casos, o velho confessa que já previa problemas antes de casar, mas em outros foi pego de surpresa.

Nascido na Paraíba, o poeta João Martins de Ataíde (1880-1959) lançou o seu primeiro folheto em 1908 (chamava Um preto e um branco apurando qualidades). Além de escritor, Ataíde foi editor e lançou vários outros cordelistas tendo sido um nome fundamental para a difusão do cordel no país.

Se você se interessa pela literatura de cordel não perca também os artigos:



Retratos da leitura no Brasil

O artigo do ensaísta Davi Lago para o blog nesta semana

Por Davi Lago

06/01/2019 15h00  Atualizado há um ano


O Dia do Leitor é comemorado no Brasil em 7 de janeiro. A 4ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil desenvolvida pelo Instituto Pró-Livro considera “leitor” aquele que leu pelo menos um livro nos últimos três meses – inteiro ou em partes. Os dados de 2016 revelam que o brasileiro lê em média 2,43 livros por ano. O baixo índice de leitura é uma de nossas mazelas históricas e aponta para o empobrecimento dos debates brasileiros. Por óbvio, o repertório amplo de leituras contribui para o amadurecimento do espírito crítico do cidadão. O que é a realidade senão a leitura que fazemos dela?

Conforme a pesquisa, entre as principais motivações que impulsionam os leitores brasileiros estão: o gosto pela leitura (25%), atualização cultural (19%), distração (15%), motivos religiosos (11%), crescimento pessoal (10%), exigência escolar (7%) e atualização profissional ou exigência do trabalho (7%). Todas essas motivações integram o papel civilizador da leitura. Já a primeira razão apresentada pelos leitores como obstáculo para o aumento da leitura é a falta de tempo (43%).

De fato, ler não é tão simples. Ler não é uma atividade passiva, estática, mas dinâmica. Do mesmo modo que uma biblioteca não é um mero depósito silencioso de livros. Na leitura há o cruzamento de dois mundos e a possibilidade de se perceber as coisas através de outro ponto de vista. Um livro é um mundo: o mundo de leituras de seu autor dialogando com o mundo do leitor. Por isso, a leitura nunca será igual para dois leitores. Este processo é, sobretudo, civilizador. Como afirmou Mario Vargas Llosa ao receber o prêmio Nobel de Literatura em 2010: “um mundo sem literatura se transformaria num mundo sem desejos, sem ideais, sem desobediência, um mundo de autômatos privados daquilo que torna humano um ser humano: a capacidade de sair de si mesmo e de se transformar em outro, em outros, modelados pela argila dos nossos sonhos”.

Sem dúvida, o Brasil avançou muito nos últimos trinta anos em termos de cidadania. A garantia dos direitos do cidadão foi uma preocupação central na elaboração da Constituição Federal de 1988. Nossa Carta Magna eliminou, por exemplo, um grande obstáculo à universalidade do voto, tornando-o facultativo aos analfabetos. Também conseguimos reduzir os números do analfabetismo: em 1991 a taxa de brasileiros com mais de 15 anos de idade analfabetos era de 19,7%, número reduzido para 7,2% em 2017 conforme dados do IBGE. Trinta anos depois da promulgação da Constituição temos muitos eleitores, mas ainda carecemos de leitores. Ler é viver e conviver, é um esforço em compreender o outro. Com mais leitura a sociedade brasileira tecerá sua multiplicidade mais civilizadamente. Feliz ano novo e boas leituras!

* Davi Lago é escritor, mestre em Filosofia do Direito e ativista humanitário. Colabora com o blog com textos sobre marcos civilizatórios e sociedade contemporânea.

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É urgente que o brasileiro tenha sede de leitura. São poucas as línguas que têm o privilégio de possuir autores como Fernando Pessoa, Eça de Queiroz, Machado de Assis, Guimarães Rosa e Castro Alves. Ter acesso a essas obras e ao melhor que a língua portuguesa já produziu não é simples leitura, senão um mergulho em nossa identidade.

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  • 7 truques indispensáveis para garantir roupas macias por mais tempo

Aprenda 7 truques para deixar as roupas macias e cheirosas com o Cleanipedia.

Atualizado 21 De Novembro De 2020

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pilha-de-roupas-coloridas-em-lavanderia

Lavanderia

A tecnologia das máquinas de lavar e das secadoras facilitou a vida das pessoas e agilizou um processo que antigamente demorava horas. Lavar roupa, no entanto, não se resume apenas a garantir que elas estejam limpas, mas também deixar as roupas macias e cheirosas. Confira a seguir alguns truques para ter peças como se fossem novas!  

Todo mundo quer se vestir com roupas macias e cheirosas. Utilize marcas de boa qualidade para garantir aquela dose extra de perfume. Os detergentes de roupa Surf oferecem várias opções diferentes de fragrâncias para atender o que mais combina com você.

Como deixar as roupas cheirosas e macias

Você não precisa gastar muito tempo ou dinheiro para deixar as roupas cheirosas e macias por mais tempo. Alguns detalhes do dia a dia são muito importantes para evitar incômodos com o seu vestuário. Veja como é fácil:

1.           Produtos de qualidade

Com tantas variedades de produtos disponíveis no mercado, não abra mão de bons detergentes de roupa para não danificar o tecido das suas peças, como Surf. Que além de cuidar das cores das roupas enquanto limpa, também oferece diferentes fragrâncias.

2.           Passe com ferro

Para deixar as roupas macias e cheirosas, procure passar as peças com ferro. O calor vai garantir um vestuário lisinho e ainda ajudar a fixar o perfume do detergente que foi usado durante a lavagem.

3.           Lave suas roupas regularmente

Evite guardar roupas sujas ou suadas, o mau cheiro pode fixar na roupa e depois é muito mais difícil de remover.

4.           Lembre-se de separar as roupas sujas das limpas.

Também é importante não guardar as peças usadas junto com as limpas para evitar o cheiro seja transferido.

5.           Evite guardar peças úmidas dentro do armário.

Roupas ainda úmidas no armário são um convite para o surgimento de bolor e daquele cheiro de mofo. Roupas devem ser guardadas completamente secas.

6.           Sachês perfumados são uma boa ideia.

Coloque sachês com aromas suaves no fundo de armários e gavetas para manter as roupas que estão guardadas sempre cheirosas. Você também pode usar sabonete perfumado, de preferência enrolado em um lenço de papel bem fino. Assim a fragrância é liberada aos poucos.

7.           Lave as roupas em etapas

Para deixar as roupas macias, evite colocar todas as peças para lavar de uma só vez. Deixe espaço dentro da lavadora para que as peças sejam lavadas da maneira correta.

Lavar roupa não exige o conhecimento de técnicas avançadas, mas com certeza é preciso alguns cuidados. Com os produtos adequados e o método correto é muito mais fácil deixar as roupas cheirosas e macias por mais tempo.

Você também pode aproveitar algumas dicas importantes sobre como usar amaciantes de roupas para deixar as roupas macias e suaves. E sempre se lembre de conferir as instruções de lavagem na etiqueta das peças de roupa antes de usar qualquer produto. 

Devido ao novo estilo de vida durante a pandemia, você encontrou novos tipos de manchas nas roupas?

Parte superior do formulário

Sim, eu encontrei diversos tipos de novas manchasAlgumas manchas são diferentes, mas não muitasNão, as manchas são as mesma

Parte inferior do formulário

Principais passos

  • Lembre-se sempre de seguir as instruções de uso que estão no rótulo do produto.
  • Evite colocar o detergente para roupas diretamente sobre a peça, pois isso pode manchá-la.
  • Se você costuma usar secadora de roupa, lembre-se de retirar os fiapos que se acumulam a cada uso. Com um pano com água quente e vinagre branco, limpe o interior da secadora uma vez por mês.
  • Também, não se esqueça de limpar a sua máquina de lavar regularmente para evitar o mau cheiro e prevenir o surgimento de mofo.

Dica Importante: Excesso de amaciante e fragrância não vão deixar as roupas mais macias e perfumadas, portanto, siga a dosagem recomendada na embalagem do fabricante. Além de desperdiçar o produto, o uso em excesso pode manchar a roupa e o acúmulo de resíduo pode fazer com que elas apresentem um odor desagradável. 





Jovens de ontem e jovens de hoje

01/06/2016

 Facebook

O ser humano, na sua essência, é um ser cultural, desde o modo como arruma os cabelos ao jeito como fala. Carrega costumes que são cultivados e se transformam a cada geração. Sendo assim, o que deixa de ser cultivado tende a desaparecer ou, se for cultivado, de forma diferente, pode se transformar.
Quem não lembra das brincadeiras de rua de tempos mais antigos? Quem brincou de esconde-esconde, polícia e ladrão, contação de histórias, cabra-cega, amarelinha, cantigas de roda, contar estrelas no céu e outras brincadeiras que tornavam a infância tão mais divertida e saudável. Quem não dançou ao som de ABBA, ouviu “Banho de lua”, “Diana”, “Menina linda”, “Luar do Sertão”, Beatles – Love Me Do. Quem vestiu pantalonas e outras roupas que hoje já não se usam mais?


Olhando os jovens de hoje, com suas iPads, iFones, iQualquer coisa, ficamos a nos perguntar quais valores são repassados nas famílias de hoje, como são as amizades e, principalmente, os meios de comunicação. Percebe-se que os jovens não estão com cabeça para reflexões filosóficas. Usam jeans e camiseta, bem descontraídos e de preferência de boas etiquetas. Devoram hambúrgueres e dedilham computadores com presteza. O quê representa o mundo para essa juventude?
Essa atual geração é totalmente diferente das anteriores. O que os controla mais são os perigos das ruas. Graças à vida urbana tudo se tornou perigoso, e os jovens estão sujeitos às drogas, doenças e à violência. Sendo assim, é bem mais fácil comprar um videogame e convidar os amigos para jogar no sofá da sala. Prática que foi crescendo ao ponto de as brincadeiras típicas da juventude, de dez anos atrás, praticamente desaparecerem. Os jovens de hoje não brincam mais. Ficam diante da TV a assistir desenhos ou a jogar videogames ou diante de um computador. Sobre o que os adolescentes conversam tanto? É no playground, na esquina, no telefone, na porta de casa, nos barzinhos, nas boates. Eles passam por um processo de autoafirmação, de independentização. Quase sempre os assuntos são sobre suas paqueras, ou são bobagens sem sentido que os fazem morrer de tanto rir.


A alegria de estar entre iguais, segundo um site encontrado na internet,  é isso que atrai os adolescentes; 56% falam de sexo, namoro, enquanto 26,4% só tratam de “amenidades” e “garotos/as”. Parece que dão o mundo para não sair com os pais, para  que estes os deixem em paz, o que é desconcertante e doloroso. Não conversam e nem dialogam com ninguém, seus hábitos são outros. Parece que a leitura não é o forte desta geração. Há uma mudança considerável entre o ontem e o hoje.
Conforme a psicóloga Márcia Regina, o reflexo dessa mudança cultural está em diversas áreas do cotidiano destes adolescentes. “Primeiro a própria questão física, estes jovens tinham um desenvolvimento melhor de suas funções motoras e eram mais resistentes”. Outra questão levantada pela psicóloga é a social ou as relações sociais. “Com o crescente uso dos videogames e da própria internet, o adolescente se isola e isso afeta a própria forma de se comunicar”. Hoje vivem em uma aldeia global, pensando que conhecem muitas pessoas, mas na verdade estão isolados.


A aparente liberdade de escolha dos adolescentes da classe média, às voltas com uma infinidade de possibilidades geradas pelo bem-estar material, na verdade, esconde um intenso processo de massificação e inculcamento de valores conservadores, que no passado ganhou nome de alienação e hoje ganhou nova roupagem, a da globalização.
O jovem de hoje é o que o capitalismo sempre sonhou. Eles têm de estar dentro de uma das fôrmas criadas pela indústria cultural para serem considerados normais. A globalização da juventude é extremamente interessante às agencias de publicidade e aos oligopólios, a massificação é muito conveniente para eles, sob todos os aspectos. Vender um carro, um CD ou um refrigerante que são apreciados pela garotada, certamente tem inúmeras vantagens do ponto de vista da produção.
O processo de globalização, no entanto, ultrapassa as linhas de montagem ou a formação de mercados, e encontra nos jovens o terreno ideal. A globalização, operada, sobretudo, via televisão, coincide como uma luva com a dinâmica do adolescente, que tem entre suas principais características o desejo de controlar o mundo.


Através da televisão, o jovem tem a sensação de estar presente a todos os eventos, mas isso não significa necessariamente ser consciente, processar toda a informação até chegar a uma visão coerente do mundo. Ele até pode ser solidário com a causa defendida por Nelson Mandela, mas dificilmente sabe o que se passa num bairro periférico da cidade. Os jovens de hoje fazem parte de uma geração que está pronta para viver o capitalismo em toda a sua extensão e para exercer a liberdade de escolha como consumidor em todas as esferas da vida.
Com este artigo não se deseja criticar a juventude atual, mas conduzi-la à reflexão do mundo em que vivem. Convidá-lo a efetuar uma reflexão sobre o comportamento e o viver em família e em sociedade. Para facilitar essa tarefa a proposta é que elaborem uma lista dos principais aspectos que eles acreditam que caracterizam o jovem contemporâneo. Aproveitem as respostas fornecidas para explicar as transformações ocorridas no universo dos jovens nas últimas décadas. Verão que as diferenças são gritantes e que ainda há tempo de eles, com tantas oportunidades, criarem um ambiente melhor no mundo e na construção de um futuro de Paz, Harmonia, Segurança, Amor.

DICAS DE GRAMÁTICA

Uso de “DEMAIS” ou “DE MAIS”
DEMAIS – pode ser usado como advérbio de intensidade no sentido de “muito” e, também, como pronome indefinido no sentido de “outros”. Como na frase “A situação deixou os demais candidatos chateados demais!”
DE MAIS – é o oposto de “de menos” e são sempre referidos a um substantivo ou pronome. Exemplo: “Existem candidatos de mais para eleitores de menos”.

Luísa Galvão Lessa Karlberg IWA– É  Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montréal, Canadá; Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; Mestra em Língua Portuguesa pela Universidade Federal Fluminense – UFF; Membro da Academia Brasileira de Filologia; Membro da Academia Acreana de Letras; Membro perene da International Writers end Artists Association – IWA; Coordenadora da Pós-Graduação em Língua Portuguesa – Campus Floresta; Pesquisadora DCR do CNPq.

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CANDIDA AURIS

 

Candida auris: Brasil registra 1ª infecção por superfungo mortal

A infecção pelo fungo é resistente a medicamentos e pode matar o hospedeiro. Estima-se que, no mundo, a Candida auris tenha levado entre 30% e 60% das pessoas infectadas ao óbito

Por DA REDAÇÃO

08/12/20 - 14h38

Candida guris

Foto: Reprodução

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta nesta terça-feira (8) sobre infecção por Candida auris, um “superfungo” que, conforme o órgão, represente “grave ameaça à saúde global”. 

A infecção pelo fungo é resistente a medicamentos e pode matar o hospedeiro. Estima-se que, no mundo, o Candida auris tenha levado entre 30% e 60% das pessoas infectadas a óbito. 

“No Brasil, não havia relato de nenhum caso de infecção por Candida auris, mas no dia 07 de dezembro de 2020, foi notificado à Anvisa o possível primeiro caso positivo em paciente internado em UTI adulto em hospital do estado da Bahia”, informou a agência em nota à imprensa. 

De acordo com o texto, uma força tarefa nacional foi mobilizada para acompanhar o caso e “prevenir a disseminação da Candida auris no país”. No grupo, há representantes de diversas entidades públicas de saúde da Bahia e do Brasil.

O fungo foi identificado pela primeira vez no Japão, em 2009, no canal auditivo de uma paciente. Casos foram identificados, desde então, em países como Índia, África do Sul, Venezuela, Colômbia, Estados Unidos, Israel, Paquistão, Quênia, Kuwait, Reino Unido e Espanha.


5 obras para conhecer DE Euclides da Cunha

 

Rebeca Fuks

Rebeca Fuks

Doutora em Estudos da Cultura

Euclides da Cunha (1866-1909) é um dos grandes nomes da literatura brasileira.

Apesar da sua obra mais conhecida ser Os sertões (1902), que retrata a guerra de Canudos, o escritor carioca tem outras obras importantes para a literatura nacional.

Os sertões

Os sertões

Os sertões (1902) é a obra mais famosa de Euclides da Cunha, que o consagrou como um dos maiores escritores da literatura brasileira.

O livro teve a importante função de apresentar para um Brasil urbano o Brasil rural, agreste, até então pouco conhecido, onde se sofria em silêncio.

Na obra lemos os bastidores da guerra de Canudos, que ocorreu no interior da Bahia entre 1896 e 1897, liderada por Antônio Conselheiro.

A história pessoal que levou o escritor a criar Os sertões começou ainda durante a juventude de Euclides da Cunha. Depois de ser expulso da escola do exército na Urca (Rio de Janeiro) por ser antimonarquista, Euclides da Cunha, que era republicano, começou a escrever para o jornal.

Devido às suas convicções políticas foi convidado para ir a Canudos, no interior da Bahia, ver de perto o conflito entre os militares e a população local. Foi na região que testemunhou o embate violento sobre o qual decidiu escrever.

A comunidade religiosa, guiada por Antônio Conselheiro, se envolveu numa sangrenta batalha no sertão. Supostamente se tratava de uma revolta contra a República (a favor da monarquia), mas, chegando lá, Euclides se deparou com um massacre feito pelos militares contra a população local.

Quatro expedições do exército foram enviadas a Canudos para combaterem os 20 mil habitantes da região que estavam munidos com apenas armas rústicas (pedras e paus). Os militares, mais numerosos, portavam granadas e armas de fogo. O conflito, desproporcional, foi um dos maiores derramamentos de sangue da nossa história e, graças a Os sertões, sabemos mais sobre as injustiças que se passaram na região.

A convite do jornal O Estado de São Paulo, Euclides da Cunha fez na ocasião uma série de reportagens como correspondente denunciando o ocorrido. Em paralelo, anotava o que via numa caderneta - o material serviria para construir a sua grande obra: Os sertões.

O livro é dividido em três partes: na primeira delas, A Terra, é narrada a realidade agreste, árida, do sertão. Há aqui uma descrição minuciosa das plantas típicas, do clima e das questões que se referem ao ambiente sertanejo.

Na segunda parte (O Homem), se fala sobre o sujeito que habita esse espaço, o sertanejo. É de Euclides da Cunha a famosa frase “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”, elogiando a resiliência desses habitantes do sertão. O autor, especialmente nessa parte, registra as expressões culturais e as peculiaridades dos seres humanos que viviam com enormes dificuldades

A última parte do livro (A Luta), por sua vez, é tida como a mais importante da obra porque é nela que o autor descreve ao pormenor o massacre de Canudos, com toda a brutalidade que assistiu pessoalmente.

Graças a sua empreitada valente - a cobertura da guerra de Canudos e a publicação das reportagens e do livro Os sertões - Euclides da Cunha ganhou enorme fama e reconhecimento público na sua geração.

Depois do lançamento da obra, a história foi adaptada tanto para o cinema quanto para a televisão e para o teatro.

Descubra uma explicação aprofundada da obra lendo o artigo Os sertões de Euclides da Cunha: resumo e análise.

Leia Os sertões na íntegra em formato pdf.

Amazônia - Um paraíso perdido

Amazônia

Uma das obras mais importantes de Euclides da Cunha é Amazônia. Entre 1907 e 1908 o escritor se mudou para a região norte do país e é dessa viagem que resulta o livro Amazônia.

Ao contrário de Os sertões, que foi uma obra concluída, Amazônia (que idealmente Euclides queria que se chamasse “Um paraíso perdido”) consiste numa série de escritos fragmentados e inacabados que Euclides da Cunha foi escrevendo sem ter dado uma unidade final ao trabalho porque teve a vida interrompida por uma morte inesperada.

A primeira vez que o escritor trabalhou com a temática da amazônia foi quando publicou, em 14 de novembro de 1898, um artigo para o jornal O Estado de S.Paulo, para o qual trabalhava, com o título “Fronteira Sul do Amazonas: questão de limites”.

Se em Os sertões Euclides da Cunha apontava para questões internas do próprio país, em Amazônia o escritor se centrou no drama das fronteiras, nos conflitos externos entre Brasil e Peru para delimitarem a linha divisória entre os países

A escrita sobre a amazônia estava intimamente ligada ao jornal, foi no Estado de S.Paulo que Euclides divulgou uma série de reportagens sobre o tema denunciando o conflito de interesses na região e destacando a importância do governo brasileiro se posicionar para não perder a amazônia para o país vizinho.

Amazônia é uma obra que está intimamente ligada a desgraça que se passou na vida pessoal de Euclides da Cunha. Naquela época o escritor era casado com Ana Emília Ribeiro da Cunha. Enquanto Euclides passou dois anos viajando pela amazônia para criar a sua obra, Ana Emília, que ficou no Rio de Janeiro, teve uma série de casos extraconjugais e se apaixonou por um militar, o cadete Dilermando de Assis, tendo inclusive engravidado e tido um filho.

Ao retornar para casa depois da viagem, Euclides da Cunha se deu conta do que aconteceu e, desesperado, foi atrás do amante de Ana Emília. Numa briga com Dilermando de Assis, o escritor acabou levando tiros e morreu assassinado no dia 15 de agosto de 1909.

A tragédia não termina por aí. No dia 4 de julho de 1916, Dilermando de Assis, que tirou a vida do autor, estava num cartório quanto foi atacado por Euclides da Cunha Filho. Para vingar a morte do pai, o filho disparou sobre Dilermando. Os tiros não tiram a sua vida, mas, ao se defender, Dilermando atirou de volta e esse tiro, sim, matou Euclides da Cunha Filho.

Castro Alves e seu tempo

A conferência dada por Euclides da Cunha em 1907 virou obra literária e é o mais importante ensaio publicado do escritor.
Na ocasião a diretoria do Centro Acadêmico XI de Agosto (da Faculdade de Direito da USP) convidou Euclides da Cunha, que já era muito reconhecido pelo seu trabalho literário, para falar sobre a produção do poeta romântico Castro Alves.

Meus jovens compatriotas. No cativante ofício que me dirigistes convidando-me a realizar esta conferência sobre Castro Alves, trai-se afeição preeminente do vosso culto pelo poeta.

O escritor aceitou o convite e deu a palestra a convite dos alunos. Mais tarde, a apresentação foi transcrita e transformada em livro e a ela se juntaram textos do próprio Castro Alves (conhecido como o poeta dos escravos) e também de Euclides da Cunha.

Com a ideia era aproximar os dois escritores, o livro aborda as semelhanças das histórias de vida dos dois mestres da literatura brasileira. E são muitas: ambos eram republicanos, abolicionistas, escreviam de forma engajada, estavam ligados a cadeira número 7 da Academia Brasileira de Letras (Castro Alves era patrono e Euclides foi o segundo ocupante).

Isso sem contar com as parecenças em relação à vida pessoal: os dois tinham uma saúde frágil, tiveram tuberculose, viveram experiências amorosas trágicas (Castro Alves com Eugênia e Euclides com Ana), morreram jovens com mortes relacionadas a arma de fogo (Castro Alves atirou em si próprio de forma acidental e Euclides foi assassinado).

O ciclo de palestras que contou com Euclides da Cunha tinha como objetivo arrecadar fundos para construir estátuas de três antigos alunos da faculdade de direito (os poetas românticos Álvares de Azevedo, Castro Alves e Fagundes Varela).

Correspondência de Euclides da Cunha

Durante a vida Euclides da Cunha se correspondeu com os amigos através de inúmeras cartas, muitas delas redigidas enquanto estava numa das suas longas viagens.

Há, por exemplo, trocas de correspondência com Machado de Assis, que era um grande mestre e amigo e em uma das suas cartas felicitou Euclides da Cunha pela sua eleição na Academia Brasileira de Letras:

Não é mister dizer-lhe o prazer que tivemos na sua eleição para a Academia, e pela alta votação que lhe coube, tão merecida. Os poucos que, por anteriores obrigações, não lhe deram o voto, estou certo de que ficaram igualmente satisfeitos.

As correspondências testemunham não só a vida profissional do autor e a sua importância no meio literário, como também dão notícia sobre a sua conturbada vida pessoal. Há cartas, por exemplo, trocadas com a mulher Ana Ribeiro, com o pai e com o cunhado.

Euclides da Cunha nasceu no Rio de Janeiro em 1866, ficou órfão de mãe muito cedo e entrou na Escola Militar da Praia Vermelha. Aos 17 anos escreveu os seus primeiros poemas e artigos em jornal, mas, por falta de dinheiro, resolveu seguir a carreira militar.

Abolicionista e republicano, Euclides da Cunha foi expulso rapidamente da escola militar tendo ido trabalhar em um jornal onde se aproximou ainda mais do universo da escrita.

Idealista, o escritor ansiava por um novo Brasil, especialmente sem escravidão. Muito da sua história pessoal pode ser conhecida através dessas cartas.

A publicação das correspondências que escreveu ao longo da vida reúne cerca de 400 exemplares escritos por Euclides de Cunha (107 delas cartas inéditas), e mostram para o leitor um pouco da vida do autor antes e depois da fama.

As correspondências foram trocadas durante 17 anos com os mais diversos interlocutores (Joaquim Nabuco, Coelho Neto, Machado de Assis, amigos e familiares) e trazem à tona as ideologias políticas e literárias de Euclides, além dos seus dramas íntimos.

À margem da história

À margem da história

Publicado postumamente, À margem da história é uma obra resultado do trabalho de Euclides da Cunha na região norte do país.

O autor foi nomeado em 1904 pelo Barão do Rio Branco como chefe da Comissão Brasileira de Reconhecimento do Alto Purus para assessorar a diplomacia dos dois países. Graças ao cargo, Euclides da Cunha teve uma enorme experiência de campo na região da amazônia, até então desconhecida para grande parte dos brasileiros.

À margem da história reúne uma série de reportagens e artigos menos conhecidos que foram sendo publicados em jornais e revistas. Os textos esparsos foram publicados na imprensa na ocasião e acabaram reunidos em formato de livro postumamente.

Em À margem da história podemos conhecer muito da região e das problemáticas políticas envolvidas (especialmente em relação à discussão das fronteiras com o Peru) sendo um retrato da sua época. Euclides da Cunha esteve na região durante bastante tempo e só regressou para o Rio de Janeiro em 1906 porque contraiu malária.

À margem da história é um registro entre o literário e o não literário e fala não só sobre questões políticas como também sobre a natureza, os habitantes locais, a cultura da região norte do país:

A impressão dominante que tive, e talvez correspondente a uma verdade positiva, é esta: o homem, ali, é ainda um intruso impertinente. Chegou sem ser esperado nem querido - quando a natureza ainda estava arrumando o seu mais vasto e luxuoso salão.

Leia À margem da história na íntegra em formato pdf.

Aproveite para conhecer os artigos:



Cunha

 

Rebeca Fuks

Rebeca Fuks

Doutora em Estudos da Cultura

Euclides da Cunha (1866-1909) é um dos grandes nomes da literatura brasileira.

Apesar da sua obra mais conhecida ser Os sertões (1902), que retrata a guerra de Canudos, o escritor carioca tem outras obras importantes para a literatura nacional.

Os sertões

Os sertões

Os sertões (1902) é a obra mais famosa de Euclides da Cunha, que o consagrou como um dos maiores escritores da literatura brasileira.

O livro teve a importante função de apresentar para um Brasil urbano o Brasil rural, agreste, até então pouco conhecido, onde se sofria em silêncio.

Na obra lemos os bastidores da guerra de Canudos, que ocorreu no interior da Bahia entre 1896 e 1897, liderada por Antônio Conselheiro.

A história pessoal que levou o escritor a criar Os sertões começou ainda durante a juventude de Euclides da Cunha. Depois de ser expulso da escola do exército na Urca (Rio de Janeiro) por ser antimonarquista, Euclides da Cunha, que era republicano, começou a escrever para o jornal.

Devido às suas convicções políticas foi convidado para ir a Canudos, no interior da Bahia, ver de perto o conflito entre os militares e a população local. Foi na região que testemunhou o embate violento sobre o qual decidiu escrever.

A comunidade religiosa, guiada por Antônio Conselheiro, se envolveu numa sangrenta batalha no sertão. Supostamente se tratava de uma revolta contra a República (a favor da monarquia), mas, chegando lá, Euclides se deparou com um massacre feito pelos militares contra a população local.

Quatro expedições do exército foram enviadas a Canudos para combaterem os 20 mil habitantes da região que estavam munidos com apenas armas rústicas (pedras e paus). Os militares, mais numerosos, portavam granadas e armas de fogo. O conflito, desproporcional, foi um dos maiores derramamentos de sangue da nossa história e, graças a Os sertões, sabemos mais sobre as injustiças que se passaram na região.

A convite do jornal O Estado de São Paulo, Euclides da Cunha fez na ocasião uma série de reportagens como correspondente denunciando o ocorrido. Em paralelo, anotava o que via numa caderneta - o material serviria para construir a sua grande obra: Os sertões.

O livro é dividido em três partes: na primeira delas, A Terra, é narrada a realidade agreste, árida, do sertão. Há aqui uma descrição minuciosa das plantas típicas, do clima e das questões que se referem ao ambiente sertanejo.

Na segunda parte (O Homem), se fala sobre o sujeito que habita esse espaço, o sertanejo. É de Euclides da Cunha a famosa frase “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”, elogiando a resiliência desses habitantes do sertão. O autor, especialmente nessa parte, registra as expressões culturais e as peculiaridades dos seres humanos que viviam com enormes dificuldades

A última parte do livro (A Luta), por sua vez, é tida como a mais importante da obra porque é nela que o autor descreve ao pormenor o massacre de Canudos, com toda a brutalidade que assistiu pessoalmente.

Graças a sua empreitada valente - a cobertura da guerra de Canudos e a publicação das reportagens e do livro Os sertões - Euclides da Cunha ganhou enorme fama e reconhecimento público na sua geração.

Depois do lançamento da obra, a história foi adaptada tanto para o cinema quanto para a televisão e para o teatro.

Descubra uma explicação aprofundada da obra lendo o artigo Os sertões de Euclides da Cunha: resumo e análise.

Leia Os sertões na íntegra em formato pdf.

Amazônia - Um paraíso perdido

Amazônia

Uma das obras mais importantes de Euclides da Cunha é Amazônia. Entre 1907 e 1908 o escritor se mudou para a região norte do país e é dessa viagem que resulta o livro Amazônia.

Ao contrário de Os sertões, que foi uma obra concluída, Amazônia (que idealmente Euclides queria que se chamasse “Um paraíso perdido”) consiste numa série de escritos fragmentados e inacabados que Euclides da Cunha foi escrevendo sem ter dado uma unidade final ao trabalho porque teve a vida interrompida por uma morte inesperada.

A primeira vez que o escritor trabalhou com a temática da amazônia foi quando publicou, em 14 de novembro de 1898, um artigo para o jornal O Estado de S.Paulo, para o qual trabalhava, com o título “Fronteira Sul do Amazonas: questão de limites”.

Se em Os sertões Euclides da Cunha apontava para questões internas do próprio país, em Amazônia o escritor se centrou no drama das fronteiras, nos conflitos externos entre Brasil e Peru para delimitarem a linha divisória entre os países

A escrita sobre a amazônia estava intimamente ligada ao jornal, foi no Estado de S.Paulo que Euclides divulgou uma série de reportagens sobre o tema denunciando o conflito de interesses na região e destacando a importância do governo brasileiro se posicionar para não perder a amazônia para o país vizinho.

Amazônia é uma obra que está intimamente ligada a desgraça que se passou na vida pessoal de Euclides da Cunha. Naquela época o escritor era casado com Ana Emília Ribeiro da Cunha. Enquanto Euclides passou dois anos viajando pela amazônia para criar a sua obra, Ana Emília, que ficou no Rio de Janeiro, teve uma série de casos extraconjugais e se apaixonou por um militar, o cadete Dilermando de Assis, tendo inclusive engravidado e tido um filho.

Ao retornar para casa depois da viagem, Euclides da Cunha se deu conta do que aconteceu e, desesperado, foi atrás do amante de Ana Emília. Numa briga com Dilermando de Assis, o escritor acabou levando tiros e morreu assassinado no dia 15 de agosto de 1909.

A tragédia não termina por aí. No dia 4 de julho de 1916, Dilermando de Assis, que tirou a vida do autor, estava num cartório quanto foi atacado por Euclides da Cunha Filho. Para vingar a morte do pai, o filho disparou sobre Dilermando. Os tiros não tiram a sua vida, mas, ao se defender, Dilermando atirou de volta e esse tiro, sim, matou Euclides da Cunha Filho.

Castro Alves e seu tempo

A conferência dada por Euclides da Cunha em 1907 virou obra literária e é o mais importante ensaio publicado do escritor.
Na ocasião a diretoria do Centro Acadêmico XI de Agosto (da Faculdade de Direito da USP) convidou Euclides da Cunha, que já era muito reconhecido pelo seu trabalho literário, para falar sobre a produção do poeta romântico Castro Alves.

Meus jovens compatriotas. No cativante ofício que me dirigistes convidando-me a realizar esta conferência sobre Castro Alves, trai-se afeição preeminente do vosso culto pelo poeta.

O escritor aceitou o convite e deu a palestra a convite dos alunos. Mais tarde, a apresentação foi transcrita e transformada em livro e a ela se juntaram textos do próprio Castro Alves (conhecido como o poeta dos escravos) e também de Euclides da Cunha.

Com a ideia era aproximar os dois escritores, o livro aborda as semelhanças das histórias de vida dos dois mestres da literatura brasileira. E são muitas: ambos eram republicanos, abolicionistas, escreviam de forma engajada, estavam ligados a cadeira número 7 da Academia Brasileira de Letras (Castro Alves era patrono e Euclides foi o segundo ocupante).

Isso sem contar com as parecenças em relação à vida pessoal: os dois tinham uma saúde frágil, tiveram tuberculose, viveram experiências amorosas trágicas (Castro Alves com Eugênia e Euclides com Ana), morreram jovens com mortes relacionadas a arma de fogo (Castro Alves atirou em si próprio de forma acidental e Euclides foi assassinado).

O ciclo de palestras que contou com Euclides da Cunha tinha como objetivo arrecadar fundos para construir estátuas de três antigos alunos da faculdade de direito (os poetas românticos Álvares de Azevedo, Castro Alves e Fagundes Varela).

Correspondência de Euclides da Cunha

Durante a vida Euclides da Cunha se correspondeu com os amigos através de inúmeras cartas, muitas delas redigidas enquanto estava numa das suas longas viagens.

Há, por exemplo, trocas de correspondência com Machado de Assis, que era um grande mestre e amigo e em uma das suas cartas felicitou Euclides da Cunha pela sua eleição na Academia Brasileira de Letras:

Não é mister dizer-lhe o prazer que tivemos na sua eleição para a Academia, e pela alta votação que lhe coube, tão merecida. Os poucos que, por anteriores obrigações, não lhe deram o voto, estou certo de que ficaram igualmente satisfeitos.

As correspondências testemunham não só a vida profissional do autor e a sua importância no meio literário, como também dão notícia sobre a sua conturbada vida pessoal. Há cartas, por exemplo, trocadas com a mulher Ana Ribeiro, com o pai e com o cunhado.

Euclides da Cunha nasceu no Rio de Janeiro em 1866, ficou órfão de mãe muito cedo e entrou na Escola Militar da Praia Vermelha. Aos 17 anos escreveu os seus primeiros poemas e artigos em jornal, mas, por falta de dinheiro, resolveu seguir a carreira militar.

Abolicionista e republicano, Euclides da Cunha foi expulso rapidamente da escola militar tendo ido trabalhar em um jornal onde se aproximou ainda mais do universo da escrita.

Idealista, o escritor ansiava por um novo Brasil, especialmente sem escravidão. Muito da sua história pessoal pode ser conhecida através dessas cartas.

A publicação das correspondências que escreveu ao longo da vida reúne cerca de 400 exemplares escritos por Euclides de Cunha (107 delas cartas inéditas), e mostram para o leitor um pouco da vida do autor antes e depois da fama.

As correspondências foram trocadas durante 17 anos com os mais diversos interlocutores (Joaquim Nabuco, Coelho Neto, Machado de Assis, amigos e familiares) e trazem à tona as ideologias políticas e literárias de Euclides, além dos seus dramas íntimos.

À margem da história

À margem da história

Publicado postumamente, À margem da história é uma obra resultado do trabalho de Euclides da Cunha na região norte do país.

O autor foi nomeado em 1904 pelo Barão do Rio Branco como chefe da Comissão Brasileira de Reconhecimento do Alto Purus para assessorar a diplomacia dos dois países. Graças ao cargo, Euclides da Cunha teve uma enorme experiência de campo na região da amazônia, até então desconhecida para grande parte dos brasileiros.

À margem da história reúne uma série de reportagens e artigos menos conhecidos que foram sendo publicados em jornais e revistas. Os textos esparsos foram publicados na imprensa na ocasião e acabaram reunidos em formato de livro postumamente.

Em À margem da história podemos conhecer muito da região e das problemáticas políticas envolvidas (especialmente em relação à discussão das fronteiras com o Peru) sendo um retrato da sua época. Euclides da Cunha esteve na região durante bastante tempo e só regressou para o Rio de Janeiro em 1906 porque contraiu malária.

À margem da história é um registro entre o literário e o não literário e fala não só sobre questões políticas como também sobre a natureza, os habitantes locais, a cultura da região norte do país:

A impressão dominante que tive, e talvez correspondente a uma verdade positiva, é esta: o homem, ali, é ainda um intruso impertinente. Chegou sem ser esperado nem querido - quando a natureza ainda estava arrumando o seu mais vasto e luxuoso salão.

Leia À margem da história na íntegra em formato pdf.

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